Dirigente indígena é morto durante protestos no Equador

Byron Guatatoca foi atingido no rosto por uma bomba de gás lacrimogêneo lançada pela polícia equatoriana; mobilizações indígenas contra governo Lasso seguem para o 10º dia

Mobilizações indígenas contra governo Lasso seguem para o 10º dia. Foto: CONAIE_Ecuador/Twitter

Opera Mundi- Um dirigente indígena foi morto por policiais durante uma confusão durante o nono dia de protestos contra o governo de Guillermo Lasso em Cuyo, ao sul de Quito, informa a Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) nesta terça-feira (21/06).

Segundo a organização, que lidera as manifestações no país, o líder indígena da etnia quíchua, Byron Guatatoca, foi atingido no rosto por uma bomba de gás lacrimogêneo lançada pelos agentes e faleceu no local.

A morte do indígena ocorreu no dia em que a Conaie e demais organizações sindicais analisavam a proposta feita pelo governo de Guillermo Lasso de criar um “comitê promotor integrado” com cerca de 300 entidades civis do país. A sugestão foi uma resposta da Presidência para a lista de 10 exigências apresentadas pela maior instituição indígena para por fim aos protestos.

O presidente da Conaie, Leonidas Iza, havia dito que para concretizar a possibilidade de diálogo era necessário que o governo revogasse o estado de emergência – estendido na segunda-feira (20/06) para seis províncias do país. Além disso, exigia a retirada dos policiais da Casa de Cultura e da Praça Arbolitos, em Quito, locais históricos de alojamento e reuniões dos povos indígenas equatorianos.

No entanto, após a morte de Guatatoca, Iza afirmou que “a política repressiva do governo” Lasso continua e questionou qual é o tipo de diálogo que se quer “quando se militariza as cidades e se impõe o terror da repressão”.

Ainda de acordo com a Aliança de Organizações para os Direitos Humanos, desde o início das manifestações indígenas em 13 de junho, pelo menos 90 pessoas ficaram feridas e 87 foram detidas pela polícia. 

A organização tem divulgado nas redes sociais vídeos e imagens que mostram a violência utilizada pelas forças públicas contra os participantes da mobilização. “É preocupante a escalada da violência militar e policial contra aqueles que exercem seu direito de protestar e resistir”, disse a aliança em nota.

Ainda nesta terça, a Assembleia Nacional do Equador aprovou a convocação de uma mesa de diálogo entre o governo de Guillermo Lasso, grupos indígenas mobilizados e setores sociais que participam da greve geral no país.

O texto, aprovado com 81 dos 137 votos, exige uma proposta “séria, clara e honesta”.  O parlamento convidou para o encontro representantes da Conferência Episcopal do Equador, do Sistema das Nações Unidas, do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, de universidades públicas e privadas do Equador, representantes das câmaras de comércio e produção e outras entidades.

Os protestos iniciados no sul do território entram no 10º dia nesta quarta-feira (22/06) e continuam a se espalhar por todo o país.

A Conaie, a maior organização dos indígenas e responsável por grandes manifestações contra os últimos governos equatorianos, está protestando contra o aumento dos combustíveis, contra a exploração de minerais em terras indígenas e pedindo por melhorias econômicas por conta na queda de renda e na falta de emprego para a população.

(*) Com Ansa. 

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