Por Fernando Pardal.
São inúmeras categorias por todo o país que já manifestaram sua adesão ao 28A e irão paralisar suas atividades para lutar contra os ataques de Temer. Como viemos argumentando em diversos artigos no Esquerda Diário, as centrais sindicais convocaram a importante paralisação do 15M, depois o 31M, e agora o 28A, não por uma vontade sincera de lutar até o fim contra Temer e as reformas, mas sim para responder à imensa pressão de suas bases, dos trabalhadores que estão revoltados diante dos históricos ataques aos nossos direitos que estão sendo implementados pelo governo golpista, e que se recusam a ficarem passivas diante dessa ofensiva dos capitalistas.
A imensa potencialidade de luta e resistência da classe trabalhadora brasileira se mostrou no dia 15 de março, e promete aparecer com muito mais força no 28 de abril. Isso tem atrapalhado o sono de empresários, membros do governo, integrantes da tropa-de-choque da Lava Jato como Sergio Moro e de todos aqueles que fazem parte dessa aliança patronal para tentar fazer com que os trabalhadores paguem pela crise.
É por causa desse desespero frente à ação dos trabalhadores que eles estão recorrendo a todas as formas que têm para tentar dizer aos trabalhadores que não paralisem, que se mantenham nos seus postos de trabalho, que as reformas são “boas para o país”. Temer chegou a apelar para Silvio Santos ser “garoto propaganda” de seus ataques. E, como não podia deixar de ser, eles atacam em um de seus terrenos favoritos: as calúnias e mentiras pela internet, nas redes sociais e correntes de whatsapp.
Mensagens como essa tem circulado:
Sua esperança é que convencendo os trabalhadores de que o dia 28 é apenas uma fachada para a defesa de Lula, eles convençam setores de trabalhadores a não aderir à paralisação.
Mas como dissemos, o dia 28 só ocorre porque a imensa maioria dos trabalhadores está contra as reformas e quer derrubá-las. E isso forçou as centrais sindicais, desde as apoiadoras de Lula, como CUT e CTB, até as diretamente pelegas e patronais como a Força Sindical, a aderirem ao chamado do dia 28.
É verdade que o interesse de CUT e CTB não é que o dia 28 seja o estopim para armarmos uma greve geral de fato, que seria a paralisação do país por tempo indeterminado até derrubarmos Temer e suas reformas, com os trabalhadores se colocando na linha de frente como sujeitos políticos e debatendo suas próprias saídas para fazer com que os capitalistas paguem pela crise.
O que querem os burocratas que comandam os grandes aparatos sindicais é “aliviar a pressão” da base para poderem seguir negociando em reuniões de gabinete com os golpistas essa ou aquela concessão nas reformas, e assim canalizar o descontentamento dos trabalhadores para a via eleitoral com o “Lula 2018”, ou seja, para mais um governo de conciliação com a direita, os patrões e os esquemas de corrupção que todos já vimos nos treze anos de PT no governo.
Mas o dia 28 está muito além desses planos mesquinhos. Nós do MRT temos defendido a organização pela base, com a criação de comitês e assembleias em cada local de trabalho, justamente para não deixar a nossa luta nas mãos dos dirigentes dessas centrais que tem o rabo preso com Lula e seu projeto eleitoral de conciliar com patrões. Sabemos que a via de nossa organização independente é a única forma de barrar os ataques e derrubar Temer, com a organização de uma greve geral.
Por isso, não podemos cair nem no jogo dessa direita mentirosa, que quer desacreditar nossa luta e nossa mobilização com suas mentiras de que estamos nos mobilizando em defesa do PT, e nem tampouco confiarmos nas direções dos sindicatos e centrais petistas que, no fundo, concordam com essa mentira e querem fazê-la virar verdade, canalizando toda nossa mobilização e luta para uma saída de acordo com os patrões que não garanta nossos direitos até o fim.
Mobilizar pela base, e não deixar que os sindicatos deem nem um passo atrás; avançar da mobilização do dia 28 para preparar uma greve geral até derrubar Temer e as reformas; colocar nossa luta a serviço de impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, na qual possamos batalhar para eleger nossos representantes e debater soluções de fundo para nossos problemas, e para que os capitalistas paguem pela crise. Em vez das reformas de Temer, lutemos pelo fim do pagamento da dívida pública, impostos às grandes fortunas, estatização das empresas corruptas e re-estatização das privatizadas sob controle dos trabalhadores, repartição das horas de trabalho e efetivação dos terceirizados para acabar com o desemprego e a precarização.
Essa é a resposta que temos que dar às mentiras da direita para nos desmobilizar. Lutemos por um governo de trabalhadores, contra a direita e contra a conciliação de classes dos que defendem um “Lula 2018”!
Fonte: Esquerda Diário