Nos dias 17 e 18 de maio acontece o Seminário “Planejamento de uma Campanha de Sindicalização”. A promoção é do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e da Intersindical dos Trabalhadores de Jaraguá do Sul e Região e será realizada na subsede do Sindicato dos Metalúrgicos, em Guaramirim (rua 28 de agosto, 247). No primeiro dia, deve iniciar às 9h e prosseguir até as 18 horas e, na sexta-feira, das 9h às 16h30. O Seminário é destinado a dirigentes sindicais e será coordenado pelo supervisor técnico do Dieese, economista José Álvaro de Lima Cardoso.
“O momento é decisivo para o movimento sindical brasileiro, aquilo que fizermos nos próximos meses vai definir muito o que teremos nas próximas décadas”, adianta o economista do Dieese, que compara a situação atual do país a uma “encruzilhada”. José Álvaro Cardoso reforça que o Brasil vive um processo de golpe de estado, que tem como um de seus objetivos atingir a imagem dos sindicatos e das organizações dos trabalhadores, de forma geral. “Todos os poderes aderiram ao golpe e, para defender o Brasil e os trabalhadores, sobraram apenas o movimento social e os Sindicatos”, avalia, “entidades que estão na alça de mira do golpe”. Por isso, a sindicalização dos trabalhadores é a “ação de ouro” dos Sindicatos. “Nenhuma fonte de receita e vitalidade política é mais importante”, destaca o economista.
Livro relata o golpe de estado no Brasil
José Álvaro Cardoso também deve lançar, durante o Seminário, o livro “O golpe de estado e a imposição da política de guerra no Brasil”. O lançamento acontece às 18h30min do dia 17 de maio. O livro reúne uma coletânea de artigos publicados no período de 2013 a fevereiro de 2018 e apresenta, em sua narrativa, a construção e consolidação do golpe de estado em curso no país, especialmente do pontos de vista econômico e político. O livro já foi lançado em Joinville, Brusque e, nesta terça-feira (15), acontece o lançamento na Assembleia Legislativa, em Florianópolis, às 18 horas.
O economista do Dieese considera que os brasileiros estão em uma luta muito difícil contra as consequências do golpe de estado, e exemplifica: “O impeachment da presidenta Dilma foi só o início, porque o golpe significa a entrega das riquezas naturais do Brasil, a venda das nossas estatais estratégicas, da Eletrobrás, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, o desmonte da Petrobrás, a entrega do Pré-sal e, acima de tudo, a destruição de direitos trabalhistas. O livro visa instrumentalizar a sociedade brasileira para enfrentar tudo isso”.
José Álvaro afirma que há, no país, uma conspiração coordenada pelo imperialismo e lembra que os Estados Unidos sempre participaram dos golpes no Brasil, citando a ditadura implantada em 1964 e o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954. “O impeachment da presidenta Dilma se assemelha muito ao que aconteceu com Getúlio, inclusive com o componente do petróleo”. Para o economista do Dieese, um dos motores do golpe foi o anúncio, em 2007, pela Petrobrás, da descoberta da maior jazida de petróleo do mundo. “Os Estados Unidos são o maior consumidor de petróleo no mundo e não são autossuficientes”. José Álvaro denomina o golpe aplicado no Brasil de “guerra híbrida” – “ainda não tem fusis, mas a técnica utiliza-se de mentiras e ilusões”, diz -, destacando a forte influência da mídia “totalmente oligopolizada”.
“A luta é muito desigual”, acrescenta, “todos os blogs alternativos da internet chegam a atingir um milhão de pessoas, por dia, e só o Jornal Nacional, transmitido pela rede Globo, fala para 70 milhões”. Por tudo isso, José Álvaro entende que a esquerda e a classe trabalhadora, em geral, não estavam preparadas para a sofisticação do golpe aplicado no país. “De porrada em porrada, ainda estamos acreditando em um final feliz, mas não creio nisso. Só se a gente organizar a classe trabalhadora para reagir, só a organização da população pode reverter isso, porque o inimigo é muito poderoso”, adverte.
Ilustração em anexo: “Livro sobre o golpe de estado no Brasil será lançado hoje, às 18 horas, na Assembleia Legislativa de SC”.