DIEESE faz campanha de filiação e contribuição solidária: hora de fortalecer a instituição. Por José Álvaro Cardoso.

Foto: Reprodução Internet.

Por José Álvaro Cardoso.

    O Escritório Regional do DIEESE em Santa Catarina está fazendo uma campanha de filiação, visando ampliar a força e o enraizamento da instituição no estado. A conjuntura atual, que deve se agravar nos próximos anos, exige raízes muito fortes para suportar os inevitáveis vendavais que virão. As filiações são as “ações de ouro” que o DIEESE deve buscar sempre.

     O DIEESE foi criado há 66 anos atrás, em função da necessidade de os trabalhadores disporem de uma instituição de pesquisa e assessoria, que conseguisse enfrentar com consistência técnica a argumentação dos patrões e de seus representantes. Na luta sindical, principalmente no processo de negociação coletiva, os argumentos não podem ter apenas uma dimensão ideológica ou serem baseados exclusivamente na vontade. A principal referência da negociação coletiva são os dados concretos, principalmente, da economia, estatística e áreas afins. É fundamental levar em conta também a ciência política, filosofia, geografia, além de história econômica, é claro. Para se fazer uma boa análise econômica, é fundamental olhar muito além da economia.

     A equipe do DIEESE tem consciência, como já sabiam todos os grandes pensadores brasileiros, que os países que se sujeitam a atual divisão internacional do trabalho, que aceitam-na tal como está colocada, estarão condenados ao subdesenvolvimento. Ou seja, não há desenvolvimento social e econômico sem postura soberana. Esta é uma ideia chave, especialmente em dias de desavergonhada capitulação.

     O Brasil sofre de um agravante, que torna ainda mais necessária a existência do DIEESE. Mesmo sendo um dos países mais injustos do mundo, com uma classe trabalhadora extremamente explorada, com salário baixíssimo, estes dados sempre vêm dissimulados, disfarçados. É preciso ter prática e conhecimento para desnudá-los. O que só pode ser feito se for de forma sistemática, e não eventual ou amadora.  O DIEESE cumpre esse papel.

     Na negociação coletiva, que é a principal ação dos sindicatos, não basta a reivindicação ser justa, ela tem que ter consistência técnica e mostrar que é possível de ser atendida. Claro que a conquista de uma reivindicação, muitas vezes pressupõe transformar a sociedade. Por exemplo, o movimento sindical defende o pagamento do salário mínimo necessário calculado pelo DIEESE (hoje de R$ 5.421,84), para uma família de quatro pessoas. Não se conseguirá o atendimento dessa bandeira, que é básica, sem muita luta.

O DIEESE não tem patrimônio material. E esse é um problema, inclusive, neste momento de crise extrema. Seus ativos mais importantes são intangíveis: formação de quadro técnico comprometido com a verdade e com o País, e credibilidade de sua produção técnica. Credibilidade esta reconhecida, muitas vezes, pelos próprios interlocutores patronais, dada a seriedade e consistência da instituição.

     O DIEESE consegue correlacionar os números frios da estatística e da economia, à luta social em busca de uma vida melhor, por parte dos brasileiros. Os economistas do Departamento sabem que a taxa de desemprego não é somente uma fria estatística, mas representa, fome, sofrimento e humilhações. Isso talvez seja o mais importante no trabalho do DIEESE: vincular os dados e indicadores ao movimento social, dando um significado para aqueles números, mostrando que eles representam relações e pessoas concretas. Não basta reivindicar salários e direitos, por mais legítimos que sejam. É fundamental também embasar as reivindicações em estudos regulares, profundos, criteriosos, e comprometidos com as melhores causas da sociedade brasileira.

     Em função de tudo que vem ocorrendo no Brasil e no mundo, estamos, e continuaremos, numa conjuntura de enorme resistência, que deve inclusive, se tornar ainda mais dura. Nesse contexto as entidades de pensamento estratégico e inteligência dos trabalhadores, incluído o DIEESE, serão imprescindíveis. Não podemos permitir que desapareça uma das fontes principais de produção e registro de conhecimento do mundo do trabalho. E que somente o movimento sindical brasileiro dispõe, já que o DIEESE, como tal, não tem similares no mundo.

     O escritório regional do DIEESE acabou de elaborar, por exemplo, o Atlas do setor público estadual catarinense, um trabalho de altíssimo nível e que deverá ter muita utilidade para o movimento sindical do estado. O DIEESE realiza assessoria em mesa de negociação, palestras, seminários, cursos, estudos específicos, pesquisas, produz uma nota técnica por semana, dois artigos por semana aqui no estado, e assim por diante.

     A hora é a de ter coragem, combinada com inteligência. O DIEESE pode ajudar a aportar às entidades, visão estratégica e inteligência. Por isso estamos desenvolvendo uma campanha extraordinária de filiação de novas entidades. Em simultâneo, estamos realizando também a campanha de contribuição solidária. Se a companheira ou o companheiro não pertencem a nenhum sindicato, mas admiram e apoiam o trabalho que o DIEESE realiza, que certamente é apropriado pela sociedade como um todo, pode dar uma contribuição individual, que pode ser o valor de um café com pão (R$ 10,00). Neste caso, é só entrar no site do DIEESE e seguir os passos.

     Filie a sua entidade ao DIEESE e deixe um legado na sua gestão. Torne-se um contribuinte solidário do DIEESE. Como poucas vezes na história, a hora é de fortalecer o DIEESE e demais organizações essenciais dos trabalhadores.

Entre em contato conosco pelos e-mails ersc@dieese.org.br zealvaro@dieese.org.br ou pelo número 48 999289723

José Álvaro Cardoso é economista e supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina.

 

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