Carro na garagem e pé na estrada – ou no ônibus. Neste 22 de setembro, muita gente ao redor do mundo vai aderir à ideia e celebrar o Dia Mundial Sem Carro. A data chama a atenção para os problemas causados pelo uso intenso de automóveis, propondo aos cidadãos uma reflexão sobre os meios alternativos de deslocamento, sobretudo os sustentáveis, como a bicicleta. Como a data cai num sábado, muitas pessoas resolveram adiantar a comemoração e deixaram os carros em casa nesta sexta (21).
O Portal EBC vai aderir à proposta e também adiantar a comemoração! A repórter Nathália Mendes passará esta sexta se deslocando pelo Distrito Federal sem carro. Fácil a gente sabe que não será, mas a intenção é justamente mapear as principais dificuldades de mobilidade nas grandes cidades. Você quer participar também? Envie seu relato pra gente: [email protected] ou use no Twitter a hashtag #DiaSemCarro. O que você acha da data? Conte aí!
Leia os relatos de quem já aderiu à prática e também de quem não concorda com a ideia:
Daniel Nardin, servidor do Senado, pedala 25km para voltar do trabalho (Arquivo Pessoal/Daniel Nardin)
Daniel Nardin trabalha no Senado Federal, em Brasília, e há um bom tempo vai trabalhar sem carro. Como? Anda 4km de bicicleta até chegar à estação do metrô e depois corre mais 3km de bike do metrô até o trabalho. Na volta, ele conta que vai direto: 25km de bicicleta. Mesmo não tendo ciclovia no DF, Daniel não se intimida, ele diz que vai pelo acostamento e as vias largas da capital ajudam. Leia o relato:
“Vendo umas postagens ‘antigas’ do Facebook, percebi que exatamente nesta terça (4/9) completam 10 meses desde a primeira vez em que deixei o carro na garagem e fui de bicicleta ao trabalho. Tá, não é uma data tão legal. Seria melhor esperar até completar um ano. Porém, nessa semana, dia 22 de Setembro, tem o Dia Mundial Sem Carro. Achei, então, pertinente fazer o registro.
E, claro, agradeço a Aline Cavalcante e à Jéssica Martinelli, que mesmo sem saber acabaram influenciando. Na época, via fotos delas em SP de bike e pensava: “Pô, se lá dá pra fazer isso, acho que rolava aqui também”. Pois é, deu. Na boa, sem querer dar uma de ‘ciclo-chato’, mas já dando… experimente. Ao menos nessa semana.”
Elaine Fonseca diz que vai aderir ao Dia Mundial Sem Carro neste ano (Arquivo Pessoal/Elaine Fonseca)
Elaine Fonseca nunca aderiu a um Dia Mundial Sem Carro, mas, neste ano, a servidora pública manifestou o desejo. Veja o relato:
“Tenho viajado bastante e visto como o trânsito é caótico em qualquer lugar do mundo. Me dei conta que isso não vai melhorar. Muito ao contrário, se não fizermos nada, só vai piorar mais rápido. Por isso nesse ano estou disposta a fazer a minha parte e de repente também ajudar a conscientizar os mais próximos. Acho que a data é importante pra que as pessoas comecem a refletir com urgência em outros meios de locomoção, como a bicicleta. No Chile e em Buenos Aires percebi que muita gente usa bike. Isso porque há muita ciclovia. Sem a ajuda governamental na construção de ciclovias e linhas de metrô, por exemplo, fica muito complicado. Aqui no Brasil, no entanto, o governo parece não estar muito preocupado, só reduz o IPI. Em Brasília, a maior dificuldade vai ser mesmo porque a cidade é meio mal servida de ônibus. Mas é preciso abandonar um pouco nosso conforto e fazer nossa parte. Acho que todo mundo pode um dia no ano fazer isso. É um começo de conscientização.”
Maysa Sales não é a favor do Dia Mundial Sem Carro. Ela diz que a data não ajuda a pressionar o governo (Arquivo Pessoal/Maysa Sales)
Maysa Sales, estudante de Letras, diz que não vai aderir ao Dia Mundial Sem Carro. A universitária relata o porquê:
“Eu acho até que é uma boa mobilização, para que a sociedade reflita um pouco sobre o uso do carro, que muitas vezes é feito de forma desordenada, mas é complicado para algumas pessoas não utilizarem o veículo, tendo em vista que precisam se deslocar com rapidez de um lugar para outro. Eu não vou aderir porque já andei muito de ônibus e de metrô e isso me deixava extremamente cansada… ficava muito tempo esperando o coletivo e quando ele passava já vinha muito cheio. Tinha dias em que eu pegava seis ônibus por dia, porque tinha de ir para a faculdade, depois pro trabalho e, mais tarde, ainda retornar à faculdade. Eu gasto muito com gasolina, me privo de algumas coisas pra pagar o combustível, mas prefiro isso ao desgaste de ônibus. O que me mata não é utilizar o transporte público, mas ficar esperando ele passar, pois pode demorar até uma hora.”