Por Jaine Fidler Rodrigues, em Desacato.info.
Alguns conscientes da responsabilidade de informar, noticiar, refletir, sobre acontecimentos, contextos, eras. Outros, imersos em bolhas de ilusão onde acreditam estar exercendo o papel de jornalista, mas, na verdade, estão manipulando seres. Seja na mídia tradicional ou alternativa, jornalistas envolvem-se por movimentos e buscam fazer com que pessoas pensem de determinadas maneiras, normalmente, sob o viés de ideologias. De maneira implícita ou explicita, a maioria dos veículos tenciona para algum lado. Menos para a verdadeira missão de trabalhar com as palavras. O que para mim é: estimular o despertar de consciências através da comunicação. Estimular ações que gerem transformações e quebrar no processo comunicativo padrões antigos de existência individual e coletiva.
Mas, o que fazem? Continuam alimentando através do jornalismo, dogmas, crenças, preconceitos, estereótipos. Alimentam ainda mais o ódio, a confusão e ilusão. Um jornalista, quando atua sob o viés de esquerda e informa de modo que marginalize ideologias diferentes sem buscar entender a fundo o que está por trás de este sistema, manipula o leitor a simplesmente acreditar somente no que ‘a esquerda diz’. Nesta zona confortável de pertencimento à um grupo, cria-se um véu de ilusão qual impossibilita de enxergar às incoerências existentes. Como a defesa de uma sociedade antirracista e pouca presença de negros (as) nestes grupos. Assim como, deixam de enxergar às mulheres defendendo o feminismo, mas, em atitudes, o machismo se faz presente.
Sim, entende-se que este processo é complexo e difícil, mas se jornalistas continuam na superficialidade da informação, nada estarão contribuindo para o desenvolvimento de uma sociedade mais consciente. Correto?
Ver, compreender e discernir sobre todos os ângulos é fundamental. Esta é uma das habilidades essenciais para uma ou um jornalista: olhar ampliado. Aquele que capta às mais finas e densas camadas existentes, no âmbito histórico, social e etérico.
Neste dia, é necessário lembrar da necessidade de buscar respostas em relação a nossa profissão. Por exemplo, por que não temos a obrigatoriedade de diploma? Atuar como jornalista é tão irrelevante que não é necessária uma formação? Qualquer um pode informar de qualquer maneira, sem conhecimento e preparo? Onde foi tão banalizada está atuação? Por que a gente permitiu isto? Por que nos entregamos tanto a profissão a ponto de trabalhar tantas horas diárias, sem respeitar os limites de nosso corpo mental, físico e emocional? Por que em alguns espaços, recebemos pouco? Por que permitimos vibrar na escassez profissional jornalística?
É tão difícil compreender que o trabalho realizado por jornalistas é um exercício prático de concentração e esforço, principalmente, mental? Como se isto fosse simples. Mas claro, tendo em vista crenças capitalistas e patriarcais, somente o que exige esforço físico é trabalho árduo.
Além disto, hoje, um profissional na área não consegue atuar sem estar nas mídias digitais, isto implica exposição diária em frente a telas que emitem hologramas a nossa rede cerebral. Isto implica em distorções de percepções internas e externas. Afeta negativamente nossa saúde mental. Ou seja, aqui considera-se as consequências de escolher esta profissão. De modo a compreendê-las. Não como motivo de reclamação.
Neste contexto, também cabe ressaltar a quantidade de ataques recebidas. Segundo o relatório da Abraji, principalmente por parte de agentes públicos e políticos. Estes que não cansam de distorcer informações e manipular seres. Em alguns casos, até mesmo desconfio que por trás de cenas de violência há grandes parcerias. Nem tudo que parece, é.
Em suma, ressalta-se aqui, a necessidade de cada jornalista de buscar em si a essência e o porque escolheu esta missão. De modo que seja possível atuar em prol de coerentes transformações e não alimentar ainda mais a confusão existente.
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