Por Ana Carolina Peplau Madeira, de Florianópolis, para Desacato.info.
Feche os olhos e imagine a sua casa sendo invadida, você e sua família inteira expulsa do lugar onde sua família cresceu. De repente vocês viraram refugiados perambulando por outros países, procurando emprego. Do nada todos têm passaportes para todos os países do mundo, menos para voltar para casa. Iam aceitar isso?
Em resumo, é este sentimento de injustiça que reúne palestinos em todas as partes do mundo para relembrar a data 30 de março de 1976, em que o governo israelense anunciou o confisco de territórios árabes para construção de novas colônias e cidades judaicas. A Palestina já passou por 80 invasões no último século e seu povo se mantém resistente e unido. Por este motivo, diversos refugiados estão espalhados ao redor do planeta.
Em respeito à luta do povo palestino, várias entidades promoveram palestras e debate ontem, no Auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da Universidade Federal de Santa Catarina, às 18h. O jornalista Raul Fitipaldi falou em nome do Portal Desacato.info, o site pretende ser parceiro de todas as lutas da comunidade palestina no Brasil. O psicólogo Allan Kenji, do coletivo UFSC à Esquerda comentou que não é fácil organizar um encontro assim nesta casa (UFSC) e que falar em solidariedade nos tempos atuais é muito difícil, tanto pelo caráter humanitário quanto de enfrentamento às repressões.
A socióloga Silvinha intermediou a primeira mesa, entre o antropólogo cubano Hasan Félix e a jornalista Tali Feld Gleiser. Silvinha, que também é representante do Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino, explicou que a Palestina tem o mesmo tamanho do estado brasileiro Sergipe, porém com uma população muito maior. Assim como a Faixa de Gaza é do tamanho de Florianópolis, com densidade demográfica muito superior.
Hasan Félix explanou sobre a questão, disse que não é problema só da Palestina, “é um perigo para todos no mundo”. Ambos os lados, sionistas e palestinos têm simpatizantes, porém ao afirmar que, “ somos todos palestinos não é porque estamos usando uma identidade que não é nossa; significa que somos os excluídos, somos todos haitianos, somos todos brasileiros, somos todos Amarildo. O problema é o mesmo”. A resistência palestina é impressionante, ao usar pedras para se defender de fuzis do quarto mais preparado Exército do mundo. Além da expropriação de terras, acontece o apartheid, a colonização e a ocupação com muita violência.
Tali, também diretora-geral do Desacato.info, dedicou a palestra também aos refugiados sírios que estão na Grécia, assim como os palestinos que já cansaram de ser expulsos de casa. Ela conta que são mais de 5 milhões de palestinos em diáspora (migrantes), sendo que a minoria pode voltar a passeio. A jornalista é judia e desde o primeiro bombardeio que soube, percebeu que havia mais coisas por trás das invasões.
“Então fui para a Palestina conhecer. Foi onde comecei meu livro. Estar do lado dos excluídos é muito difícil. Fui até chamada de traidora por parentes, mas o preço que pago é pequeno perto do que o povo palestino vive”, afirma Tali Feld Gleiser.
O médico Yasser Jamil lançou seu livro “Nosso verbo é lutar: Somos todos Palestinos”, e adiantou alguns aspectos sobre sua redação. A sua temática coloca a Palestina no centro do debate e não cita nenhum nome israelense. O jornalista Raul Longo acrescentou que a maior parte da mídia mundial é controlada por famílias sionistas. O líder da comunidade palestina Kader* Othmann falou que desde 1948, quando foi criado o Estado de Israel sobre a Palestina, o povo sobre invasões e só passou a celebrar o Dia da Terra em 1976, como forma de resistência à ofensiva de Israel, tanto no aspecto geográfico quanto patriótico. “A Palestina luta para ser um estado livre, independente e pelo direito de seus cidadãos voltarem para casa”, afirma o líder da comunidade local.