Setenta e um pinguins foram encontrados no último final de semana, no trecho entre as praias do Santinho e Moçambique, localizadas na capital Florianópolis, em Santa Catarina. Todos estavam mortos, com exceção de apenas um deles.
Segundo a organização R3 Animal*, que fez o resgate dos animais sem vida, as aves apresentavam marcas nas nadadeiras que sugerem interação com petrechos (equipamentos) de pesca. Um dos pinguins da praia do Santinho estava com um pedaço de rede de pesca preso ao corpo.
“Até agora, todos os pinguins que passaram por necropsia apontam como a causa provável de morte a asfixia/afogamento, com apteria em aletas (falha de penas nos membros torácicos), congestão generalizada e miopatia de captura, alterações fisiológicas desencadeadas no corpo por ficarem tentando se soltar por bastante tempo”, explica Janaína Lourenço, médica veterinária da R3 Animal. “É bem triste a morte deles, ficamos arrasados cada vez que um morre. É bem frustrante o indicativo de que eles sofreram ao morrer”, lamenta.
O único pinguim achado vivo foi encaminhado para reabilitação.
Pinguim com rede de pesca em volta do pescoço
De acordo com a organização, além da captura acidental por material de pesca, muitas vezes abandonado nos oceanos, os pinguins também sofrem com a poluição do lixo plástico.
O corte na nadadeira da ave
Nas últimas duas semanas, a R3 Animal já resgatou 147 aves nas praias da ilha de Santa Catarina. Todas elas eram pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus). Nessa época do ano a espécie pode ser vista no litoral brasileiro, já que saem Patagônia, na Argentina, seguindo as correntes marítimas e os cardumes de peixes.
Infelizmente, quando chegam ao Brasil, muitos pinguins estão exaustos e outros, acabam morrendo no caminho. A maioria ainda é jovem, tem cerca de um ano de vida.
Equipe de resgate da R3 Animal
Em julho de 2018, outra mortandade como essa aconteceu no norte de Florianópolis. Na época, foram encontrados pinguins-de-Magalhães mortos.
Confira abaixo as recomendações da R3 Animal caso você encontre algum pinguim:
*O trabalho de resgate e reabilitação de animais marinhos que a R3 Animal realiza em Florianópolis faz parte do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), uma condicionante do licenciamento ambiental para a exploração do pré-Sal conduzido pelo Ibama. O PMP-BS vai de Laguna SC até Saquarema RJ e é executado por 15 instituições diferentes.
Fotos: Rodrigo Tiburski/R3 Animal