Iniciativa começa nesta quarta-feira (13) com coletiva à imprensa na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre
Dez trabalhadores urbanos e camponeses darão início nesta quarta-feira (13), no Rio Grande do Sul, ao jejum contra a reforma da previdência, que está prevista para ser votada no dia 18 de dezembro na Câmara dos Deputados. O jejum começa às 10h30 na Esplanada da Assembleia Legislativa, localizada no Centro Histórico de Porto Alegre. No mesmo horário e local será realizada uma coletiva à imprensa.
A iniciativa se soma a um movimento que iniciou no dia 5 de dezembro, em Brasília, contra a reforma previdenciária proposta pelo governo de Michel Temer (PMDB). Na ocasião, três camponeses ligados ao Movimento dos Pequenos Agricultores (
MPA) se colocaram em situação de greve de fome no Salão Verde da Câmara Federal. Hoje, no local estão sete grevistas, sendo cinco mulheres e dois homens.
Poucos dias depois, a iniciativa se espalhou pelo país e diversas organizações sociais divulgaram nota em apoio aos grevistas. Em Sergipe, trabalhadores iniciaram nesta terça-feira (11) uma greve de fome na Assembleia Legislativa do estado. No Rio Grande do Sul o jejum começa amanhã, com dez militantes do MPA, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Levante Popular da Juventude, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de entidades vinculadas à igreja. O jejum irá, pelo menos, até o dia 18 de dezembro, quando começa a votação da proposta de reforma previdenciária no Congresso Nacional.
“Reforma da morte”
Desde que iniciou a greve de fome no país, entidades e movimentos populares denunciam que as recentes notícias da proposição do relator da Reforma da Previdência, Arthur Maia (PPS-BA), de retirar os trabalhadores rurais da proposta encaminhada para votação é mentira. Conforme Maister da Silva, militante do MPA, a reforma acaba com direitos que foram conquistados com muita mobilização social e que até então estão assegurados na Constituição de 1988. “Eles querem retirar a nossa condição de segurado especial, alterar a idade mínima para aposentadoria e excluir a maioria dos agricultores da previdência. A vida útil do trabalhador rural não vai alcançar até a época dele se aposentar. É uma reforma da morte, porque vai condenar muitos camponeses à morte no Brasil”, ressalta.
Para a camponesa Roberta Coimbra, dirigente do MST, a proposta de Temer penaliza principalmente as mulheres rurais, que carregam uma jornada tripla de trabalho dividida entre os cuidados da casa, da família e da lavoura. “As mulheres sempre tiveram dificuldades no tema da previdência. Faz pouco tempo que conquistamos o direito à aposentadoria pelo ofício do trabalho, antes recebíamos uma pensão após a morte do marido. Mas ainda hoje somos as mais prejudicadas em relação aos direitos. O aumento da idade mínima mostra que as mulheres camponesas trabalharão até a morte sem se aposentar”,
argumenta.
Fonte: Imprensa MST do Rio Grande do Sul.