Um cerimonial que reuniu os principais críticos de arte do Brasil, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo (SP), condecorou pessoas e instituições que prestaram relevante contribuição à cultura brasileira entre 2019 e 2022. Nesta terça-feira, dia 3, o Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação recebeu dois prêmios nacionais, concedidos pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) que destaca anualmente os artistas visuais, curadores, críticos, autores e entidades.
Destaque da Região Sul em 2022 na categoria que valoriza cada região do Brasil, a instituição catarinense é outorgada pelo acervo, conservação e documentação histórica da Coleção Collaço Paulo, e Francine Goudel, curadora-chefe, conquistou o troféu Gilda de Melo e Sousa concedido a críticos de arte, em começo de carreira, por sua produção ou engajamento em projetos inovadores de divulgação da arte.
Representando a equipe do instituto, inaugurado em 2022, em Florianópolis (SC), a solenidade de entrega dos troféus, em São Paulo, contou com a presença de Jeanine Gondin Paulo e Marcelo Collaço Paulo, o casal mantenedor da Coleção Collaço Paulo, da curadora-chefe Francine Goudel e da jornalista Néri Pedroso, responsável pela produção de conteúdo e comunicação.
Premiação diária com crianças e juventude
“Com satisfação, recebemos a notícia sobre a premiação. Somos jovens, iniciados com um projeto voltado à arte como uma ferramenta educacional. Todos os dias somos premiados pelas crianças, pelo frescor da sua juventude que frequenta a instituição em busca da arte para preencher lacunas nos seus aprendizados. A premiação é compartilhada com toda a equipe pelo esforço diário para buscar o melhor. Um estímulo para continuarmos na caminhada de levar a arte ao maior número possível de pessoas. Agradecemos aos parceiros deste ano, Prefeitura Municipal de Florianópolis, Ibagy, Dígitro e Sesi que são fundamentais na produção de todo conteúdo do instituto. Por fim, Jeanine, eu, os filhos, somos gratos, por todos os momentos de felicidade que o instituto nos proporciona”, disse Marcelo Collaço Paulo, presidente do instituto.
Francine Goudel recebeu o prêmio da crítica Leonor Amarante não só por sua recente atuação junto a Coleção Collaço Paulo, mas como autora de pesquisas que buscam engajamento descentralizador da crítica de arte no país. Com textos sobre artistas e acervos catarinenses, difundidos em livros, revistas e periódicos, em 2020 publica um estudo que detalha o modo de produção, circulação, validação e consumo da arte em Florianópolis, fruto de sua tese doutoral.
A curadora-chefe analisou a premiação à luz da história da ABCA e do levantamento dos reconhecimentos alcançados por Santa Catarina. A mais antiga associação nacional de profissionais da área das artes visuais nasce em 1949, ligada à Associação Internacional de Críticos de Arte (Aica), fundada em 1948, em Paris. É uma instituição com significativa atuação de seus membros na área da crítica, da teoria, curadoria e gestão das artes visuais e que, desde 1978, realiza as indicações e premiações para reconhecer as personalidades que ampliam o setor. “Uma honra receber, primeiro a indicação para participação da edição 2022 e depois os votos de reconhecimento que levam ao prêmio que recebo como crítica de arte em início de carreira. Ainda mais em uma categoria que leva o nome de uma pesquisadora, nome de notória atuação no Brasil, e que recentemente é vinculada a criação de mais um prêmio na instituição, como forma de alastrar o alcance do reconhecimento no campo da arte no país.”
Lembra também que nos 45 anos de premiações da ABCA só quatro foram concedidas a Santa Catarina. Em 2001, o Museu de Arte de Santa Catarina (Masc) recebeu uma menção honrosa; em 2005, Osmar Pisani recebe o Prêmio Mário de Andrade, pela trajetória como crítico de arte; em 2007, “Centenário Martinho de Haro”, realizada no Masc, recebe o Prêmio Paulo Mendes de Almeida como melhor exposição do ano e, em 2014, Sandra Makowiecky recebe o Prêmio Gonzaga Duque, por sua atuação como crítica de arte. “Também uma grande celebração para o Estado, já que nesta edição três prêmios reconhecem produções de Santa Catarina. Além do meu trabalho, destaca a produção do artista Fernando Lindote e do acervo do Instituo Collaço Paulo”, pontuou Francine Goudel.
Escala nacional
Os prêmios da ABCA são atribuídos pelo resultado da votação dos associados em escala nacional. O sistema de premiação, criado em 1978, destaca exclusivamente as artes visuais. A ABCA está na história por sua presença significativa nos eventos artísticos desde a década de 1950. Anualmente, o Prêmio ABCA contempla 13 categorias, inclui os destaques regionais, totalizando 18 prêmios.
Serviço
O quê: entrega dos Prêmios ABCA – 2019-2022
Quando: 3.10.2023, 19h
Onde: Sesc Vila Mariana, rua Pelotas, 411, Vila Mariana, São Paulo (SP)
Quanto: gratuito
Contemplados 2022
Prêmio Destaques regionais: destinado a cada região do País – Norte, Sul, Nordeste, Centro-oeste e Sudeste
Região Sul: Instituto Collaço Paulo – Reconhecimento de coleção/acervo/conservação/documentação histórica
Região Norte: Mariza Mokarzel – crítico de arte, pela trajetória
Região Sudeste: Glória Ferreira- crítico de arte, pela trajetória
Região Nordeste: Raul Córdula – artista pela trajetória
Região Centro-oeste: Helô Sanvoy – artista contemporâneo
Prêmio Gilda de Melo e Sousa: destinado ao reconhecimento de críticos/as, em início de carreira, independentemente da idade, por sua produção, ou engajamento em projetos inovadores de divulgação da crítica de arte
Francine Goudel
Prêmio Gonzaga Duque: destinado a crítico associado, pela sua atuação ou publicação de livro
Alessandra Simões Paiva
Prêmio Sérgio Milliet: pesquisador (associado ou não), por trabalho de pesquisa publicado
Maria Amélia Bulhões – “Desafios – Arte e Internet no Brasil” (2022, Editora Zouk)
Prêmio Mário Pedrosa: artista contemporâneo
Fernando Lindote
Prêmio Paulo Mendes de Almeida: melhor exposição do ano
“Raio que o Parta: Ficções do Moderno no Brasil” – Sesc 24 de maio, São Paulo
Prêmio Emanuel Araújo: reconhecimento de coleção/acervo/conservação/documentação histórica
Museu Bispo do Rosário – Rio de Janeiro
Prêmio Yêdamaria: instituições, pessoas e projetos que promovam ações de impacto amplo em processos educativos e de mediação nos vários campos das artes, em espaços formais e não formais
Ana Mae Barbosa
Prêmio Ciccillo Matazazzo: personalidade atuante no meio artístico
Bené Fonteles
Prêmio Mário de Andrade: crítico de arte, pela trajetória
Leonor Amarante
Prêmio Clarival do Prado Valadares: artista, pela trajetória.
Carmela Gross
Maria Eugênia Franco: curadoria de exposições
Raphael Fonseca (Coord. Geral), Aldrin Figueiredo, Clarissa Diniz, Divino Sobral, Marcelo Campos, Paula Ramos, pela exposição “Raio que o parta: ficções do moderno no Brasil” – Sesc 24 de maio, São Paulo
Prêmio Rodrigo Mello Franco de Andrade: instituição por sua programação
Instituto Moreira Salles (SP-RJ-MG)
Prêmio Antônio Bento: difusão das artes visuais na mídia
Leila Kiyomura pela revista Arte & Crítica
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