Para onde quer que se olhe, os cenários se parecem.
Tudo, no Brasil, das intituições às empresas, caiu num estado de desmoralização e de balbúrdia que não é gratuito.
Trata-se de uma trajetória de destruição de um país, onde toda uma geração está sendo levada a não acreditar em nada, a não ser na autoexibição e no dinehiro, muito mais do que no trabalho.
Os casos da Petrobras e do STF são em simbólicos disso.
Primeiro, a empresa aumenta como quer os preços de seus produtos. Em seguida, toma um “chambão” do Presidente. O mercado, então, grita e o governo responde que a intervenção nos preços “era brincadeirinha” e que a Petrobras é livre para fixar seus preços. Servindo-se do desapreço criado para a empresa mais importante do país, anuncia-se a venda de metade de suas refinarias, para “quebrar seu monopólio”, embora não exista monopólio no setor de refino.
Caminha-se, portanto, para entregar um setor da economia importantíssimo para empresas – estrangeiras, decerto – sem que elas tenham investido um tostão sequer para construir plantas de refino. Estão prontinhas, com capacidade ociosa e num país onde os preços dos combustíveis são lucrativos, principalmente depois da alucinada política desenvolvida por Pedro Parente, a quem Temer entregou a empresa.
No STF, o inquérito de Dias Toffoli é algo como o telefonema do capitão foi para a Petrobras.
Detonou uma verdadeira baderna institucional, depois que a extrema-direita que o Judiciário alimentou por anos passou a exibir, sem disfarces, seus dentes para a Corte Suprema. A CPI “Lava Toga”, embora semi-sepultada, foi o sinal de emergência que marcou a reação contra a expansão do lavajatismo sobre o Supremo que agiu também em outras frentes, como a quebra do sigilo bancário de Gilmar Mendes e a desmoralização pessoal do presidente ‘amigo do amigo’.
A confusão de ontem, com a entrada “de sola” de Raquel Dodge “mandando arquivar” o inquérito e o “cotovelaço” de Alexandre de Moraes dizendo que não arquiva nada, foi mais água no moinho que, desde que se deu superpoderes a Sérgio Moro e a seus procuradores de Curitiba, está moendo o Judiciário brasileiro.
Tornar frágeis empresas e instituições sempre foi a melhor forma de comprá-las ou controlá-las.
Num caso e noutro, quem pagará o preço é o Brasil civilizado. Aquele, talvez vocês lembrem, que estava começando a marcar sua presença no mundo.
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