A área de alertas de desmatamento na Amazônia ultrapassou 1.000 km² pela primeira vez em um mês de chuvas, de acordo com a série histórica calculada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Em abril, a área de alertas chegou a 1.012 km², um número 74% maior do que em abril do ano passado. Comparada à média dos seis anos anteriores para abril, a área de desmatamento é 165% maior.
No acumulado de agosto de 2021 até agora — a temporada de cálculos do Inpe vai de agosto a julho —, os alertas já chegam a 5.070 km². O número é o segundo maior da série histórica, perdendo apenas para o recorde de 5.680 km², detectado em 2020.
Segundo a rede Observatório do Clima (OC), o sistema de cálculo usado pelo Inpe, chamado de Deter, não é feito para medir área desmatada, e sim orientar o trabalho do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O OC diz que o mecanismo é ágil na divulgação, mas seus satélites são “míopes”, já que são incapazes de enxergar pequenas áreas desmatadas. O dado oficial sobre desmate é informado pelo sistema Prodes, divulgado uma vez por ano.
“As causas desse recorde têm nome e sobrenome: Jair Messias Bolsonaro. O ecocida-em-chefe do Brasil triunfou em transformar a Amazônia em um território sem lei, e o desmatamento será o que os grileiros quiserem que seja. O próximo presidente terá uma dificuldade extrema de reverter esse quadro, porque o crime nunca esteve tão à vontade na região como agora”, afirmou o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini.
De acordo com os cálculos do OC, a taxa de desmatamento de 2022 deverá ultrapassar novamente os 10.000 km² no ano, com a possibilidade de um inédito quinto aumento consecutivo da devastação.