Relatório do ACNUR lançado na última sexta-feira (dia 20) indica que os níveis de deslocamento forçado em 2013 será um dos maiores da história, devido ao excepcional aumento de refugiados e deslocados internos causados por conflitos e perseguições.
O relatório (disponível em http://unhcr.org/52af08d26.html) revela que 5,9 milhões de pessoas foram forçadas a abandonar suas casas nos primeiros seis meses deste ano, o que significa 77% do total de 7,6 milhões em todo o ano de 2012. O conflito na Síria foi o evento que mais produziu novos deslocamentos no primeiro semestre de 2013.
O relatório do ACNUR “Mid-Year Trends 2013” (com dados atualizados até metade deste ano) compila informações de mais de 120 escritórios nacionais do ACNUR e mostra um significativo aumento em importantes indicadores. Entre eles está o número de novos refugiados: 1,5 milhão durante os seis primeiros meses de 2013, comparados com 1,1 milhão em todo o ano de 2012.
Outro indicador relevante é o de novos deslocamentos forçados dentro dos próprios países: 04 milhões no primeiro semestre de 2013 contra 6,5 milhões em todo o ano passado. Há ainda mais de 450 mil solicitações de refúgio pendentes de análise em todo o mundo – um volume semelhante ao mesmo período do ano passado. O relatório descreve o primeiro semestre de 2013 como “um dos piores períodos, nas últimas décadas, em relação ao deslocamento forçado no mundo”, e indica que as estatísticas de todo ano deverão apontar um crescimento na população global de pessoas forçadas a se deslocar (de 45,2 milhões de pessoas, ao final de 2012 – a maior desde os anos 90).
Em relação às populações sob o mandato do ACNUR, o relatório aponta um crescimento de refugiados (de 10,5 milhões ao final de 2012 para 11,1 milhões de pessoas ao primeiro semestre de 2013) e de deslocados internos (de 17,7 milhões para 20,8 milhões, no mesmo período).
“É difícil de ver estes números e não se perguntar por que tantas pessoas estão se tornando refugiadas ou deslocadas internas”, disse o Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres. Para ele, “as organizações humanitárias fornecem assistência emergencial para salvar vidas, mas não podem prevenir ou acabar com as guerras. Isto requer vontade e esforço político, e é aqui onde deve estar o foco da comunidade internacional”.
Segundo o relatório “Mid-Year Trends 2013”, 189,3 mil refugiados voltaram para seus países de origem no primeiro semestre de 2013, enquanto 33,7 mil foram reassentados em outros países. Cerca de 688 mil deslocados internos retornaram para suas comunidades de origem em países onde ACNUR atua. O Afeganistão continua sendo o principal país de origem de refugiados no mundo (2,6 milhões) e o Paquistão segue como o país com a maior população de refugiados (1,6 milhão de pessoas).
O ACNUR trabalha em todas as principais crises de refugiados do mundo – com exceção dos refugiados palestinos, que estão sob o mandato da “agência irmã” UNRWA – e em situações de deslocamento interno nos quais as pessoas são cuidadas pelos governos de seus próprios países. O relatório Mid-Year 2013 está disponível em http://unhcr.org/52af08d26.html
Foto: Reprodução/ACNUR
Fonte: Brasil de Fato