Desemprego entre os negros aumenta e é pior do que entre os brancos no governo Bolsonaro

Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE nesta terça feira (19), a população que se declara preta ou parda está para trás em praticamente todos os indicadores. Mulheres negras sofrem especialmente, amargando, além das maiores taxas de desemprego, os piores salários.

Da Redação de Esquerda Diário

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os negros foram o único grupo que sofreu aumento do desemprego no último trimestre. Entre os autodeclarados pretos, o desemprego subiu de 14,5% para 14,9%, enquanto entre brancos, o desemprego caiu de 9,5% para 9,2%. São 23 mil pretos e pardos desempregados a mais do que no mesmo trimestre do ano passado.

A taxa de desemprego entre pardos, especificamente, caiu. Mas o desemprego entre negros segue puxado para baixo pelo desemprego esmagador entre os pretos. Entre brancos, 174 mil saíram do desemprego, entre pardos, o número foi de 86 mil.

Enquanto 4,8 milhões de desempregados buscam trabalho há pelo menos 1 ano, vemos que Bolsonaro mentiu quando diria que seus ataques aos direitos trabalhistas, como a previdência, devolveria emprego à população. Agora eles são mais precários e a realidade para a população negra é de desemprego crescente.

Em termos salariais, só os brancos viram um aumento no rendimento do salário (R$ 3.074 – R$ 27 a mais que nos meses anteriores), enquanto pretos e pardos viram quedas médias de R$ 12 e R$ 8 em seus rendimentos, respectivamente, para R$ 1.660 entre negros e R$ 1.690 entre pardos. Na pirâmide de rendimentos, homens brancos ocupam o topo indisputado. Para cada R$ 1.000 recebidos por homens brancos, mulheres brancas receberam R$ 758; homens negros, R$ 561 e mulheres negras meros R$ 444.

Ainda segundo o estudo, negros seguem sub representados no ensino superior. Apenas 35,4% dos pretos e pardos alcançam o ensino superior, comparado a 53,2% da população branca. Uma das maiores razões é o abandono do ensino para buscar trabalho. Das pessoas entre 18 e 24 anos que abandonam o ensino médio para buscar trabalho, 61,8% são negros.

131 anos após a proclamação da chamada abolição, por meio da lei Áurea, negros ainda sofrem com os efeitos nefastos de séculos de escravização e décadas mais de perseguição institucional aberta no pós abolição.

A realidade do negro no trabalho prova como o capitalismo brasileiro depende da superexploração dos corpos negros para promover o seu “desenvolvimento” e a espoliação imperialista do nosso suor. Miserabilizar as vidas negras permite aos patrões imporem condições de trabalho e salário degradantes ao conjunto da classe trabalhadora, inclusive branca. A terceirização, que no Brasil tem rosto de mulher negra, é apenas uma prova disso.

O Estado brasileiro impõe, até hoje, o racismo institucional que persegue e mata os negros todos os dias, mantendo sua condição subjugada, sob a qual foi construído o capitalismo brasileiro.

Uma realidade que é escancarada também com a morte de Agatha, que segundo inquérito foi assassinada pela Polícia Militar, além de que não houve nenhum confronto no local, como alegou o governador Witzel.

Esse dia da Consciência Negra é dia de lembrar a luta do povo negro contra a perseguição e a criminalização que sempre foi levada a frente pelas elites escravocratas e racistas do Brasil. É fundamental retomar os debates sobre a estratégia necessária para unificar a luta negra com a da classe trabalhadora, capaz de romper com esse sistema de exploração e de racismo sanguinário.

Esquerda Diário está sendo parte do lançamento da edição ampliada do livro “Revolução e o negro”, confira a agenda de lançamentos: Edições ISKRA lançam A revolução e o negro: um diálogo entre os negros do mundo

Imagem: Tony Winston/Agência Brasília

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