Por Suzana Camargo.
Ele é minúsculo. Como você pode ver através da foto acima, menor do que a ponta de uma lapiseira. O Brachycephalus mirissimus mede entre 10 a 13 milímetros. Além disso, sua cor chama atenção: um forte tom alaranjado. Diferente de outros anfíbios, o sapinho tem menos dedos. Na porção dorsal do corpo possui uma listra branca e outra mancha arredondada, do mesmo tom, na cabeça.
A nova espécie foi encontrada em Morro Santo Anjo, em Massaranduba, no norte de Santa Catarina, pelos pesquisadores da ONG Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais, com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Nos últimos seis anos de parceria entre as duas instituições, já foram identificadas 15 de espécies de anfíbios na região da Mata Atlântica, entre os estados do Paraná e Santa Catarina.
Os cientistas explicam que o mini sapo encontra-se no grupo dos menores vertebrados do mundo. “Esta característica deve-se a um processo evolutivo chamado miniaturização, o que dá à espécie uma vantagem estratégica para sobreviver às condições da montanha”, diz Luiz Fernando Ribeiro, pesquisador do Mater Natura e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR, um dos descobridores da nova espécie. “Além disso, por viverem em lugares íngremes e úmidos, mas sem a presença de grande quantidade de água, durante o processo evolutivo, esses sapinhos da montanha também adquiriram outra característica própria: eles não passam pela fase de girino”.
A descoberta brasileira foi oficialmente descrita em um artigo veiculado no início deste mês na publicação científica internacional PeerJ.
A nova espécie tem cores e manchas únicas
Ainda segundo os pesquisadores, o Brachycephalus mirissimus foi observado apenas em uma montanha da região e com baixa densidade populacional. “Os dados obtidos durante o estudo, assim como a perda de área no local para o plantio de pinus e eucaliptos, são preocupantes para a conservação da espécie”, destaca Marcos Bornschein, pesquisador do Mater Natura e professor da Universidade Estadual Paulista, primeiro a encontrar o mini sapo.
A descrição de novas espécies como esta é muito importante para ressaltar a necessidade de preservação da floresta. “Atualmente a Mata Atlântica conta com menos de 8% da sua cobertura original. Cada descoberta é um passo a mais para defendermos a conservação da biodiversidade para que essas espécies não desapareçam”, afirma Emerson Oliveira, coordenador de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
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Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante seis anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para várias publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, acaba de mudar para os Estados Unidos