Logo após o afastamento do governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), o presidente Jair Bolsonaro já marcou uma agenda no estado, que agora é governado interinamente por uma aliada sua, a vice-governadora Daniela Reinehr (sem partido).
O capitão da reserva participará, na sexta-feira da próxima semana, dia 8 de novembro, da formatura de novos agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na capital Florianópolis. Depois, de acordo com o secretário nacional de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Junior, Bolsonaro deverá tirar folga e passar o final de semana no estado. Segundo Junior, o presidente se hospedará Forte Marechal Luz, em São Francisco do Sul, cidade propícia para a pesca, uma das práticas esportivas preferidas de Bolsonaro.
Produtora rural e ex-policial militar, Daniela é filha do professor de História Altair Reinehr. Ele é conhecido por ter atuado como testemunha de defesa no julgamento de Siegfried Ellwanger Castan, fundador da Editora Revisão, que publicava livros antissemitas, que propunham revisionismo histórico e negavam o Holocausto. Ainda nos anos 90, Castan foi condenado à prisão pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) pelo crime de racismo, condenação que foi ratificada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2002. O editor faleceu em 2010.
Pelo Twitter, o editor do The Intercept Brasil, Leandro Demori, revelou que Reinehr foi seu professor de História no segundo grau e que ele defendia ideias neonazistas em sala de aula, “inclusive vendendo livros revisionistas”.
Como se não bastasse, o Diário do Centro do Mundo ainda trouxe à tona o fato de que o professor teria escrito um artigo em 2005, publicado no jornal “A Notícia”, de Joinville, afirmando que o Holocausto é uma “lenda”.
Fórum procurou a governadora interina, via assessoria de imprensa, perguntando se ela compartilha das mesmas visões que o pai sobre o nazismo, mas não obteve retorno. Em coletiva de imprensa nesta terça-feira (27), Daniela foi questionada por um jornalista sobre o tema, mas tergiversou.
“Eu respeito, volto a dizer, respeito as pessoas independentemente dos seus pensamentos, respeito os direitos individuais e as liberdades. Qualquer regime que vá contra o que eu acredito, eu repudio”, afirmou, de maneira genérica, sem especificar qual regime ela repudia.
“Existe uma relação e uma convicção que move a mim, e acredito que a todos os senhores, que se chama família. Me cabe, como filha manter, a relação familiar em harmonia, independente das diferenças de pensamento, das defesas”, completou a governadora interina.