Por Alessandra Martins*, Observatório Social da Petrobrás (OSP)
O GNV (gás natural veicular) bateu recorde histórico neste mês de novembro, registrando o maior preço real do século.
O combustível é vendido a R$ 4,256 o metro cúbico, 39% acima da média histórica (em valores reais), que é de R$ 3,06.
Em outubro, a gasolina, o diesel e o gás de cozinha já tinham atingido o seu maior valor desde 2001.
Os dados são do Monitor dos Preços do Observatório Social da Petrobrás (OSP) e mostram que o GNV começou a bater recordes em termos reais no mês de maio deste ano, a partir do aumento de 39% promovido pela Petrobrás, chegando ao custo de R$ 4,02. A escalada foi interrompida em outubro, porque a inflação ultrapassou o aumento nominal.
“Anteriormente, o pico do GNV aconteceu nos meses de fevereiro e março de 2019, quando o metro cúbico alcançou R$ 3,70. De lá para cá, o preço do combustível manteve-se mais ou menos estável, com uma queda em meio à pandemia por conta da diminuição do preço do barril de petróleo. Mas junto com a valorização do barril e a desvalorização do câmbio, dois fatores que indexam os contratos com as distribuidoras, passamos a ter recordes de preços a partir de maio de 2021”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps) e do OSP.
Ao longo de 2020, os preços do gás natural da Petrobrás chegaram a cair 35%, mas começaram a subir no fim do ano passado, acompanhando a recuperação do barril do petróleo (brent) e a desvalorização do real.
O valor do GNV é baseado na aplicação das fórmulas dos contratos de fornecimento, que levam em consideração a cotação do petróleo, a taxa de câmbio e a revisão da parcela do transporte, repassada pela empresa. A atualização dos preços dos contratos acontece a cada três meses.
Conversão do veículo
Mesmo com o preço elevado, o gás natural veicular ainda é o combustível mais barato do mercado. Por conta disso, muitos brasileiros optaram por converter o automóvel para GNV.
Segundo levantamento da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), entre janeiro e setembro (até o dia 28) deste ano, 163.168 veículos fizeram a mudança de combustível, um crescimento de 88,5% em relação ao mesmo período de 2020.
O Rio de Janeiro é o principal mercado consumidor de GNV. O estado responde por cerca de 60% do volume de gás natural veicular do Brasil, sendo que 24% da sua frota utiliza o combustível. Em todo o país, apenas 2% dos veículos são abastecidos com GNV.