Denúncia: Bolsonaristas agridem morador em frente ao batalhão do exército no Estreito

    Em frente ao 63º BI do Exército, em imagem do dia 4/11. Foto: Guarda Municipal / Divulgação

    No dia 15/12/22, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro espancaram covardemente um homem em frente ao batalhão do exército no bairro Estreito, em Florianópolis. Segue abaixo vídeo da agressão.

    Desde o dia 2 de novembro, inconformados com o resultado das eleições presidenciais, eleitores bolsonaristas ocupam a frente do batalhão do exército no Estreito, bloqueando ruas, impedindo a passagem, agredindo e causando barulho até altas horas da madrugada. O Portal Desacato foi procurado para denunciar o ocorrido na última quinta-feira. Segue abaixo o relado de Vinicius ao Portal:

    Sou um morador de Florianópolis, moro no estreito e assim como eu muitos outros moradores enfrentamos praticamente todos os dias agressões dos manifestantes golpistas que estão acampados no batalhão do exercito pedindo intervenção militar por não concordarem com o resultado das urnas. Isso vem em uma escalada de cada vez mais truculência e agressividade, até chegar a uma agressão física na qual eu sofri sozinho no dia 15/12/22.

    Estava indo na policlínica pois tinha horário marcado para tirar os pontos do dente no qual havia extraído. Porém, para isso é preciso passar por uma zona de guerra onde eles obstruem as calçadas ficam sentados e amontoados impedindo a passagem, de ambos os lados da via, isso quando não ficam ocupando as vias de verdade congestionando trânsito e mais trânsito, quando fui passar pelo meio deles, não tinha como passar sem ter que me comunicar com aquelas pessoas agressivas. Nesse meio tempo de eu ter que passar e não conseguir devido ao motim, passa um ônibus e de dentro dele um menino se manifesta contra aquela palhaçada, e eu com aquilo me cativei e me manifestei também dizendo que dia 01 tava chegando e ia acabar com essa palhaçada, que todos iriam para casa, esse bando de golpistas.

    Fui incisivo em minhas palavras e logo quando eu indignado gritava isso para todos uma senhora veio em minha direção me agarrando e me puxando e me empurrando para cima de uma grade já não deixando eu passar. Nesse mesmo segundo, outro homem veio pelo meu lado me agarrando também pela camiseta e me dando chutes, esse homem eu o puxei e o derrubei. Nisso fui agarrado por trás por outro homem caindo por cima das grades e nisso já foi vindo mais e mais gente pra cima de mim, falando prende esse bandido, começaram a me enforcar no chão, rasgaram minha camiseta toda, e tentavam me chutar e me dar socos diversas pessoas mas eu tentava sair de baixo delas, tentando me defender por sorte não conseguiram acertar meu rosto nenhuma vez, porém acabei sendo enforcado de verdade e não consegui mais respirar, só pedia para parar e várias pessoas berrando tu vai ser preso seu bandido.

    Por perto tinha um agente do BOPE e mais outro policial militar, que me pegaram como seu eu fosse um bandido de verdade, e eu comecei a gritar vocês tão loucos eu tô sendo agredido já tava sem meu chinelo, nem isso me deixaram pegar na hora, fui e peguei e novamente já fui puxado. Sozinho e assustado comecei a falar “eu vou ligar pra polícia, eu preciso sair daqui do meio deles” e continuam vindo todos ao redor berrando, já inventando que eu havia chutado a senhora, o policial não queria que eu ligasse para o 190, mas eu liguei.

    Nisso entraram dois anjos Arthur e André na situação, Arthur veio já na minha direção pra me tirar do meio deles, querendo que eu lavasse o pé que estava cheio de sangue, tomasse uma água e o policial não deixava, nisso eu já havia ligado para o 190 e já havia solicitado uma viatura no local. Quando viram que Arthur era um menino gay começaram a ficar mais raivosos ainda, tocando nele e xingando, André já veio filmando toda a situação quando chegaram e pegaram o celular dele, viram que tinha um adesivo do lula e falaram que iam quebrar, apagaram o vídeo e ficaram ameaçando ele, e ele falou que eles estavam roubando ele, pegando o celular dele, tudo isso perto do policial que estava junto comigo, o homem que estava com o celular do André quis dar para o policial apreender, o policial se recusou e nisso ele devolveu o celular para o André. O Arthur queria me levar para a secretaria em frente, na qual o mesmo trabalha, para que eu pudesse sair do meio daquele motim de truculentos. Chegou a viatura com os policiais militares que começaram a conduzir melhor a situação, me tirando de lá, me levando para um lugar mais seguro e fazendo o B.O., corpo de delito, etc.

    Também liguei para minha parceira para trazer uma camiseta pra mim e para não estar tão sozinho, ela nem estava na situação ocorrida, e eles queriam atacá-la de alguma forma, vinham no portão berravam: “sua vadia, vem aqui fora que a gente vai te quebrar sua nojenta”. Vinham homens se crescer falando que estavam ligando e falando com um tal Coronel e um monte de coisas para nos coagir e dar medo. E não tinham medo da polícia estar ali, como se pudessem tudo, fossem donos da lei e da rua.Depois do B.O. feito consegui sair por uma saída que dava na rua de trás para não passar novamente por ali.

    Estamos cansados, essa onda de agressividade tem cada vez mais aumentado. Meu amigo, também gay, mora no prédio no qual eles ocuparam todo o hall de entrada, ficam com suas barracas ali, ou quando mesmo todos em pé amontoados, impedindo ele de entrar no prédio, porém sempre há xingamentos homofóbicos, agressões verbais, e tem acontecido desde o dia do resultado das eleições evoluindo cada vez mais para xingamentos mais fortes, eles estão loucos de verdade, já foram feitas diversas reclamações, cartas para o Ministério Público, mas tem que viver todo dia isso. Não só ele como eu e  várias pessoas. Isso precisa acabar!

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