Democracia, tirania e espirros

    Por Thiago “Skárnio”.

    Debate eleitoral pegando fogo nas redes sociais, só que, infelizmente não é sobre qual é o melhor projeto para Florianópolis, mas sobre o pior. A eficácia do voto nulo é outro tópico quente nas disputas de opinião.

    Considero o voto nulo um ato de protesto legítimo para evidenciar a falta de opções em uma eleição e, principalmente, para evidenciar a falência da democracia representativa, transmutada hoje em uma sinuca de bico para o cidadão. Lembrando que voto nulo é diferente do voto branco, que significa “tanto faz, desde que não me tire o futebol, a cerveja e a novela”. Tirando aquelas pessoas que espirraram ao digitar ou tiveram algum tipo de convulsão, o voto nulo é daqueles indivíduos raivosos que se dão ao trabalho de ir até a zona eleitoral, digitar 99 (ou qualquer outro número que não seja de um candidato em disputa) e confirmar. Fui um destes indivíduos em boa parte das eleições.

    Sempre evitei ter que escolher entre o “menos pior”. Postura que, pela primeira vez, está na berlinda. Não sei se serei apenas um indivíduo raivoso.

    Se usar uma das áreas que mais atuo como critério, a Cultura, com certeza existe um pior que o outro: Cesar Junior. O candidato foi ex-secretário de Turismo, Cultura e Esporte de Santa Catarina em um breve, mas suficiente período para usar a máquina pública em seu benefício próprio. Cada vez que ouço nos programas de TV do sujeito que ele fez uma “revolução na cultura” me revira o estômago. A única coisa que fez durante a sua gestão desastrosa foi dar uma canetada oportunista em um evento que estava engavetado na SOL por anos. Um evento que trouxe muita mídia para o nome dele. A Maratona Cultural foi um projeto realizado com recursos públicos e que não foi idealizada por Cesar, como foi falado nos primeiros programas do candidato. A gestão “revolucionária” do Cesar foi responsável pelo não pagamento de editais, projetos e convênios. Existe ainda mais um motivo para considerar Cesar Junior o pior de todos: não foi em nenhum debate com o setor cultural na cidade, o contrário do seu oponente, que se foi debater as suas propostas com os artistas, gestores e produtores.

    Não nutro nenhuma simpatia por Gean Loureiro, mas ele fez parte de uma gestão que ativou o Conselho Municipal de Políticas Culturais, mesmo que isto seja muito mais uma conquista da luta da sociedade civil organizada do que uma evidência da “boa administração” do Dário… Também é a gestão que lançou os Editais do fundo Municipal de Cultura. Mesmo que tenha feito uma lambança tremenda com o edital de Cultura Digital, que saiu com atraso. Mas saiu.

    A Cultura Digital me fez lembrar outro motivo para querer Cesar Junior bem longe de qualquer cargo público: Trabalhei na campanha da Angela Albino, na área de web (minha segunda área de atuação) o que me levou a concluir que o Júnior é disparado o representante da campanha mais suja na rede. Fui testemunha do despejo diário de calúnias e agressões contra os os adversários através de perfis falsos nas redes sociais. A prova disto é que todos os fakes que roboticamente difamaram a Angela durante o primeiro turno passaram a agredir automaticamente o Gean após o dia 7. Fora outras ações menos e mais escrotas…

    Independente do resultados das urnas em Florianópolis, a provável massa de nulos será um constrangimento que merece ser explorado em artigos e ações para muito além das eleições. Que é outra questão que muitos Anarquistas tocam: este circo todo é na verdade inútil. Que precisamos mesmo é fazer “outra campanha”. Concordo em parte com eles, mas vivemos em um cenário emergencial que uma eleição pode sim, agravar as coisas.

    Enfim, caros amigos. Me vejo, assim como muitos de vocês, nesta triste situação. Não tenho disposição alguma para militar pelo voto nulo e, muito, mas muito menos para pedir voto ao Gean. Gostaria mesmo era de ver este sistema representativo derrubado por um sistema mais digno e direto. Mas isso é outra luta diária que está longe ainda.

    Mesmo que se viva hoje a tirania da mediocridade, que é a política brasileira, é ainda melhor do que a ditadura militar ou um daqueles sistemas fundamentalistas de alguns países do mundo. Se vou votar Nulo ou no Gean amanhã? Creio que a minha tendência ficou clara no texto, mas só vou saber com certeza na hora de digitar.

    Espero não ter ajudado ninguém em suas escolhas.

     

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