Trabalhadores demitidos do Museu Afro Brasil, equipamento mantido pelo governo estadual de São Paulo, divulgaram uma carta aberta à sociedade, nessa quarta-feira (20), na qual denunciam um desmonte na entidade e clamam pela defesa do patrimônio cultural afro-brasileiro.
De acordo com o manifesto, 23 dos 80 funcionários foram mandados embora como consequência de um decreto do governo de São Paulo, de 22 abril, que cortou 14% (68 milhões) do dinheiro repassado às organizações sociais que gerenciam a cultura no estado, na esteira da crise decorrente da pandemia de covid-19.
Ainda conforme os trabalhadores, nenhuma organização demitiu tanto quanto o órgão gestor do Museu Afro Brasil. Nenhuma proposta sobre redução de salário, de carga horária ou de suspensão de contrato foi feita aos dispensados, alegam eles.
“A medida adotada pela Direção do Museu Afro Brasil revela a irresponsabilidade dessa gestão na condução de uma crise dessa proporção, colocando uma grande quantidade de trabalhadores em uma situação de vulnerabilidade material em meio a uma profunda crise sanitária e econômica, sem antes apresentar o esforço de reduzir danos através de outros meios previstos na legislação atual”, posicionam-se.
As demissões, dizem os ex-funcionários, representam não só perdas individuais, mas grande prejuízo à cultura afro-brasileira.
“Essas demissões representam não somente uma investida contra os trabalhadores, como também fragiliza a produção e disseminação do conhecimento que o acervo do Museu Afro Brasil salvaguarda, uma vez que os trabalhadores demitidos desenvolviam, com reconhecido desempenho, atividades de pesquisa, estratégias de difusão, comunicação e ações educativas”, reforçam.
Por fim, os trabalhadores pedem que lideranças do Movimento Negro, artistas, entidades de cultura e toda a sociedade manifestem solidariedade aos trabalhadores demitidos e exijam responsabilidade na gestão do Museu Afro Brasil.