Por Plínio Teodoro.
A médica ginecologista Michelle Chechter foi demitida pela Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas da maternidade Instituto da Mulher Dona Lindu, em Manaus, onde aplicava uma “técnica experimental” usando nebulização com cloroquina em mulheres no pós-parto. Uma das pacientes, Jucicleia de Sousa Lira, de 33 anos, morreu 27 dias depois do nascimento primeiro filho.
O governo do Amazonas informou que o tratamento não faz parte dos protocolos terapêuticos do Instituto Dona Lindu “nem de outra unidade da rede estadual de saúde, ainda que com o consentimento de pacientes ou de seus familiares”.
“O procedimento tratou-se de um ato médico, de livre iniciativa da profissional, que não faz mais parte do quadro da maternidade, onde atuou por cinco dias”, diz o comunicado da pasta, ressaltando que “tão logo tomou conhecimento do ato, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas determinou abertura de sindicância e o afastamento da profissional”.
Paulista Michelle atuava juntamente com o marido, o também médico Gustavo Maximiliano Dutra, na capital amazonense.
O auxiliar de produção Cleisson Oliveira da Silva, viúvo de Jucicleia, diz não ter sido consultado sobre a técnica experimental e só descobriu que a esposa havia assinado uma autorização – de três linhas, com erros de grafia – em 8 de abril. No papel, a paciente concorda em ser submetida à “técnica experimental nebuhcq líquido, desenvolvida pelo dr. Zelenko” – em referência ao médico ucraniano-americano Vladimir Zelenko, cultuado pela extrema-direita, após Donald Trump fazer a defesa do tratamento, em março de 2020.
Ao menos outros três pacientes foram submetidos à experimentação feita pelo casal de médicos, que não se pronunciou sobre o caso.
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