Declaração de Amor

Te odeio Europa
Cuspo na tua maldita memória
Na corrupção que nos trouxeste
Na tuas reluzentes cruzes
Cravejadas com os diamantes que roubaste
Vomito encima das leis que nos herdaste
Nas tuas vestes conservadoras
Nas tuas espadas e tuas cruzes
Te odeio Europa
Amaldiçoo tuas guerras invasoras
Tuas patentes roubadas
Teus bancos de ladrões
Repugno tua arrogância
Teus conselhos de velha moribunda
Teus discursos de igualdade e fraternidade
Te odeio Europa
Detesto teu rosto burguês
Tuas mentiras e aparências
Denuncio tua maldade infinita
Teu vício genocida
Tua consciência medieval
Te odeio Europa
Horrenda, cínica, covarde,
Prostrada ao monstro nortenho que pariste
Insensível cadáver falante
Te odeio pelo que nos aculturaste
Pelos pobres, pelos saqueados,
Pelos violados, invadidos, excluídos,
Pelos vivos e, sobretudo, pelos mortos,
Pela criança morta na praia,
Pela mãe deitada nos trilhos,
Por mim, pela esperança na Terra.
Te odeio Europa
Porque odiar-te é uma declaração de amor.

Raul Fitipaldi.

hungría 2
Foto: Efe

 

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