Por Luciane Recieri.
Visito sua casa o dia inteiro pra ver se escreveu algo no pó. Tenho medo que alguém apague. Porque suas palavras me dão lembrança de outras que devo colocar na bula. Sinto uma falta bacana – não se cobra, não se espera, só se conta com sua nudez, rudeza. Sua lealdade. Fraqueza. Sua solidão, perdoa – siamesa da minha. Um medo Pacífico de se chocar com outra embarcação porque é salgado demais. Visito. Um vício de ver se encontrou a minha cura pra sua patologia. Por isso visito. Sua casa.
Imagem: Pintura “Pátios da infância” de Laura Rudman.