“Apesar de passarem longe da crise, como o setor da economia que mais tem lucrado no Brasil, o sistema financeiro continua demitindo”, diz confederação nacional dos trabalhadores no setor
De janeiro a novembro, os bancos cortaram 8.247 postos de trabalho em todo o país, mostra pesquisa feita em parceria com o Dieese e divulgada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). Apenas no penúltimo mês do ano, foram fechadas 1.928 vagas, no segundo pior resultado de 2015. Ao longo do ano, o setor contratou 28.745 funcionários e demitiu 36.992.
“Apesar de passarem longe da crise, como o setor da economia que mais tem lucrado no Brasil, o sistema financeiro continua demitindo”, diz a Contraf-CUT. “Nada justifica o comportamento das instituições financeiras, que acumulam R$ 54,8 bilhões de lucro no terceiro trimestre deste ano.”
De acordo com o estudo, feito com base no Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, os chamados bancos múltiplos, com carteira comercial, que reúne as principais instituições – Itaú, Bradesco, Santander, HSBC e Banco do Brasil – “foram os principais responsáveis pelos cortes”, eliminando 5.790 empregos. Já a Caixa Econômica Federal fechou 2.423.
Quase metade (47%) da saídas foi por demissão sem justa causa. “Outros 45% foram a pedido do próprio trabalhador, o que se deve, em parte, à adesão de bancários aos planos de aposentadoria da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil”, informa a confederação.
Além da alta rotatividade de mão de obra, o setor continua contratando pessoal com ganhos inferiores aos dos dispensados. Segundo a pesquisa, o salário médio dos admitidos foi de R$ 3.534,06, ante R$ 6.263,20 dos demitidos. “Assim, os trabalhadores que entraram nos bancos receberam valor médio 56,4% menor que a remuneração dos dispensados”, observa a Contraf-CUT.
A entidade afirma ainda que “mesmo representando metade da categoria e tendo maior escolaridade” as mulheres são discriminadas na remuneração. Entre os homens contratados pelos bancos, o salário médio era de R$ 3.889,65 entre janeiro e novembro, enquanto o das mulheres ficou em R$ 3.141,86, 80,8% daquele valor.
Imagem: BCB
Fonte: RBA