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Da periferia até a medalha de prata na Olimpíada. Quem é Rebeca Andrade?

Atleta, de 22 anos, saiu de periferia em Guarulhos, e se tornou a primeira brasileira a faturar um pódio no esporte em Olimpíadas

Rebeca Andrade. Foto: Divulgação

Lance.- A ginasta Rebeca Andrade entrou para a história da ginástica brasileira  ao conquistar a medalha de prata nos Jogos de Tóquio, no individual geral. Com isso, a atleta, de 22 anos, que saiu de periferia em Guarulhos, São Paulo, e se tornou a primeira brasileira a faturar um pódio no esporte em Olimpíadas. Um exemplo de superação após três graves lesões no joelho e ter pensado em desistir da carreira diante das cirurgias.Da infância humilde à ginástica do Flamengo
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Desde criança, aos quatro anos, Rebeca desenvolveu o sonho de se tornar atleta, e aos nove deixou a casa da mãe Rosa Santos para se dedicar à ginástica artística. Como muitos brasileiros, a atleta é de família humilde e nasceu na periferia de Guarulhos. Filha de doméstica e com mais sete irmãos, a brasileira viu no esporte a chance de mudar a vida de sua família e realizar seus sonhos.

Foi através do esporte que a menina ajudou a mãe que criava oito filhos em uma casa de apenas um cômodo para uma vida mais estabilizada. O início foi por incentivo da tia e do irmão mais velho, no ginásio Bonifácio Cardoso, na Vila Tijuco, em um projeto da Secretaria de Esportes de Guarulhos.
Com muitas dificuldades para ir aos treinos, Rebeca teve uma proposta da técnica Keli Kitaura de ficar em sua casa nos finais de semana. Em seguida, a promissora ginasta recebeu um novo convite da treinadora: deixar sua casa e ir até Curitiba em um importante centro da ginástica artística brasileira.

Apesar de todo sofrimento por estar longe de casa, e em muitos momentos pensar em voltar para casa, a ginasta teve muito incentivo da mãe, que a acalmava e pedia para a filha seguir seu sonho. Foi então que surgiu um convite que mudaria de vez a vida de Rebeca, se mudar para o Rio de janeiro e treinar na ginástica do Flamengo.

Três lesões sérias e a volta por cima

No clube carioca, Rebeca teve a oportunidade de se desenvolver no esporte e sempre mostrou muito talento, sendo promissora. No entanto, como tudo na vida da ginasta, novas dificuldades começaram a surgir, e torná-la ainda mais forte. Vieram as lesões e sérios problemas no joelho, que trouxeram muita dor de cabeça e ainda mais vontade de superar os obstáculos.

Em 2014, a ginasta estava classificada para as Olimpíadas da Juventude de Nanquim, porém passou por uma cirurgia no pé. Mesmo desfalcando o Brasil, ele torceu para sua amiga Flávia Saraiva, sua substituta, conquistar três medalhas em território chinês.

Veio a fase adulta, e Rebeca tinha mais uma competição pela frente como toda atleta de alto nível e rendimento: o Pan de 2015, realizado em Toronto, no Canadá. Contudo, ela rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito ao praticar um salto e teve que passar por uma cirurgia. Foram longos oito meses de recuperação e o medo de não conseguir se recuperar e ter que desistir de uma carreira tão promissora.

Novamente a figura materna de dona Rosa apareceu, dando força à filha, que seguiu seu caminho para a disputa dos Olimpíadas Rio 2016. Todavia, ela ainda estava longe do seu física ideal e ficou de fora da decisão do salto, e no individual geral terminou na nona colocação. No ano seguinte, chegou como favorita no Mundial de Montreal, ainda mais com a ausência de Simone Biles. Mas o joelho voltou a atrapalhar, e uma lesão recidiva ao realizar um salto no aquecimento.

Depois de uma boa recuperação, disputou o Mundial de 2018 e em junho de 2019 se preparava para o Mundial de Stuttgart, na Alemanha. Durante uma apresentação no solo do Campeonato Brasileiro, uma nova lesão no joelho, e a vaga nos Jogos de Tóquio ameaçada novamente por conta de problemas físicos.

Em mais uma preparação, dessa vez no Campeonato Pan-americano, não foi o joelho que atrapalhou e trouxe dor de cabeça par Rebeca, mas sim a pandemia global de Covid-19, que adiou os jogos e as Olimpíadas de Tóquio. A competição enfim aconteceu e Rebeca enfim pode mostrar todo seu potencial e garantir a vaga na terra do sol nascente.

A atleta chegava com muita vontade de tentar um inédito pódio olímpico para a ginástica artística feminina do Brasil. Uma peculiaridade trouxe um significado marcante a apresentação de Rebeca no solo. A substituição de músicas de Beyoncé, cantora que a ginasta é fã e usou na Rio 2016, para o funk, o baile de favela, que remete a infância na periferia.

A ideia surgiu do coreógrafo, que encontrou no funk a inspiração para as apresentações com direito a elogios em um torneio na Alemanha. Nesta quinta, Rebeca brilhou em um momento histórico, encantado o Brasil e o mundo. Uma prata que coroou uma geração de ginastas que sempre sonharam e levar o Brasil a outro patamar como Daiane dos Santos, Jade Barbosa, Daniele Hypólito, Laís Souza, entre outras.

E Rebeca ainda tem chance de marcar ainda mais seu nome na história da ginástica brasileira, já que está na final do salto e do solo. No individual geral, além da prata da brasileira, a americana Sunisa Lee ficou com o ouro, após fazer 57,433, enquanto o bronze foi da russa Angelina Melinkova: 57, 199.

 

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