CUT Oeste repudia pedido de retomada dos serviços feita pelo Siticom de Chapecó

    Os sindicatos CUTIstas da região Oeste divulgaram uma nota repudiando o documento enviado ao governador pelo SITICOM de Chapecó pedindo que os serviços da categoria fossem retomados

    Na última terça-feira, 24 de março, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Chapecó (SITICOM), que não é filiado à CUT, enviou um ofício ao Governador do Estado pedindo que os serviços no setor da construção civil fossem retomados. Os sindicatos CUTistas da região Oeste receberam a notícia com indignação, entendendo que o pedido do sindicato contraria a preservação da vida e da saúde das trabalhadoras e dos trabalhadores e das suas famílias, expondo a categoria ao vírus. Por isso, as entidades, em conjunto, elaboraram uma nota de apoio aos trabalhadores.

    Confira a nota na íntegra:

    NOTA DE APOIO AOS TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL  CONTRA O CORONAVIRUS

    A CUT/SC, Regional  Oeste, por meio desta nota, manifesta apoio às trabalhadoras e aos trabalhadores e contrariedade ao documento elaborado e assinado pela presidência do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Chapecó (SITICOM), encaminhado ao governador Carlos Moisés, em 24 de março. O referido documento requer a continuidade dos serviços e operações no setor de Construção Civil, sob a justificativa de que as atividades são desempenhadas majoritariamente em ambiente aberto e que os trabalhadores são orientados a respeito de medidas individuais e coletivas para proteção da saúde.

    Enquanto entidade, manifestamos nosso repúdio, por entender que tal requerimento contraria a preservação da vida e da saúde das trabalhadoras e dos trabalhadores e das suas famílias e comunidades.

    Autoridades médicas e sanitárias alertam que a transmissão massiva da Covid-19 pode causar colapso do nosso sistema de saúde. Para impedir tal realidade, o caminho apontado é o isolamento e distanciamento social – incompatível com o que requer o documento acima citado.

    De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia, o país está numa crise crescente de casos, enfrentando transmissão comunitária e com o número de casos dobrando a cada três dias. Em nota datada de 24 de março, a SBI esclarece que “quando a Covid-19 chega na fase de franca disseminação comunitária, a maior restrição social, com fechamento do comércio e da indústria não essencial, se impõe”.

    Diante desse cenário, consideramos que não cabe, sob quaisquer justificativas, aos dirigentes sindicais locais solicitar ações que contrariam as orientações das entidades ligadas à Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS), do poder executivo estadual e do poder executivo municipal de Chapecó.

    Ao contrário: Nesta dura realidade, se faz essencial conscientizar os nossos trabalhadores e trabalhadoras e defender os direitos adquiridos e as medidas emergenciais. Entre elas, a garantia da preservação dos salários mesmo em isolamento, da manutenção de empregos (proibição de demissões a curto e médio prazo) e renda básica a cada trabalhadora e cada trabalhador para construir uma política econômica que gere crescimento, ganho salarial e transferência justa de renda no enfrentamento da crise.

    Além disso, salientamos que Chapecó já conta com grande número de trabalhadores na ativa nos hospitais, unidades de saúde, farmácias, mercados, alimentação, agricultura, agroindústria, limpeza urbana, jornalismo, assistência social e transporte de alimentos, insumos e medicamentos. Assim, trata-se de uma medida irresponsável com a classe trabalhadora defender a não paralisação de setores considerados não essenciais para o enfrentamento à pandemia.

    A situação é grave e exige um esforço social coletivo, amparado por medidas justas e políticas públicas para garantir um combate ao coronavírus, primando pela defesa e preservação da vida, acima de qualquer outra prioridade.

    Por fim, às trabalhadoras e aos trabalhadores, reforçamos que estamos e seguiremos lado a lado, em defesa da vida, da saúde pública, da dignidade da população e dos direitos fundamentais  de cada uma e cada um de nós.

    CUT/SC – Regional Oeste

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