O governo cubano considerou que o afastamento da presidente Dilma Roussef constitui um “artifício” organizado por setores da oligarquia brasileira, apoiada “pela grande imprensa reacionária e pelo imperialismo.” Numa nota enviada às redações, Cuba volta a denunciar o que considera ser um “golpe de estado parlamentar e judicial, disfarçado de legalidade”, que foi preparado “há alguns meses” contra a presidente “legitimamente eleita”, Dilma Roussef, substituída, ontem (12), pelo vice-presidente Michel Temer.
“Trata-se, na realidade, de um artifício armado por setores da oligarquia desse país, apoiada pela grande imprensa reacionária e pelo imperialismo, com o propósito de reverter o projeto político do Partidos dos Trabalhadores (PT), derrubar o governo legítimo e usurpar o poder que não ganhou com o voto”, lê-se no documento.
Para as autoridades de Havana, o que ocorreu na quinta-feira no Brasil “é parte de uma contraofensiva reacionária do imperialismo e da oligarquia contra os governos revolucionários e progressistas da América Latina e do Caribe”, o que ameaça a paz e a estabilidade das nações, contrariando o espírito e a letra da Declaração de Zona de Paz na região, assinada em janeiro de 2014 na capital cubana.
“A História demonstra que, quando a direita chega ao governo, não receia desmontar as políticas sociais, beneficiar os ricos, restabelecer o neoliberalismo e aplicar terapias de choque cruéis contra os trabalhadores, mulheres e jovens”, diz o comunicado.
“O povo brasileiro, as forças políticas de esquerda e os combativos movimentos sociais no Brasil recusam o golpe e opõem-se a qualquer tentativa para desmantelar os importantes programas sociais desenvolvidos pelos governos do Partido dos Trabalhadores, com Lula (da Silva, ex-presidente) e Dilma à frente”, defende o governo cubano.
Entre esses programas, destacou, figuram o “Bolsa Família”, “Mais Médicos”, “Minha Casa, Minha Vida”, “Fome Zero”, iniciativas que, segundo o governo de Cuba, “mudaram a vida de milhões de pessoas”.
“Dilma, Lula, o Partido dos Trabalhadores e o povo brasileiro contarão sempre com toda a solidariedade de Cuba”, concluiu o comunicado. Michel Temer tornou-se presidente interino depois de Dilma Rousseff ter sido afastada temporariamente pelo Senado por um prazo de até 180 dias, por suspeitas de irregularidades orçamentárias, como despesas não autorizadas.