O ex-tesoureiro do PP (Partido Popular) espanhol Luís Bárcenas rompeu o silêncio e ameaçou levar com ele o líder do partido, e presidente do governo, Mariano Rajoy, após exigências para seu julgamento não terem sido atendidas pelo PP. Ele, que trabalhou por 20 anos no partido, vazou para o jornal espanhol El Mundo mensagens de texto trocadas com Rajoy. Bárcenas está preso há duas semanas, acusado de gerenciar pagamentos ilícitos e de fraude fiscal.
Segundo o El Mundo, Rajoy teria enviado mensagens de apoio ao ex-tesoureiro, de quem teria recebido pagamentos nos anos 90. Bárcenas é acusado de lavagem de dinheiro, fraude fiscal e falsificação de documentos, acusações que ele nega. Em uma das mensagens enviadas por Rajoy a Bárcenas em 2012, o premiê teria dito: “Luis, nada é fácil, mas fazemos o que podemos. Ânimo”. Em outra, ele teria escrito: “Luis, eu entendo. Seja forte. Eu te ligo amanhã. Abraços.”
Bárcenas guardou fielmente durante anos os segredos do PP: primeiro no caso Gurtel e agora no caso Barcenas, cujo denominador comum é financiamento ilegal do PP através de donativos de empresários e empresas e o pagamento de duplos ordenados a membros do governo. O membro do PP começou a ser ouvido pela quarta vez pelos juízes da Audiência Nacional espanhola nesta segunda-feira (15/07).
Ele revelou as mensagem depois de exigir que a polícia deixasse de investigá-lo diretamente e porque queria que duas das principais responsáveis da unidade anti-corrupção da Polícia Judiciária (UDEF), Miriam Segura e Concepción Sabadell, fossem afastadas do caso.
Oposição
A oposição pediu demissão imediatada de Rajoy. A vice-secretária-geral do maior partido da oposição da Espanha (PSOE), Elena Valenciano, afirmou hoje que os partidos políticos têm “possibilidades” de forçar a demissão do chefe de governo, apesar da maioria absoluta do PP. Em entrevista à rádio espanhola Cadena Ser, Valenciano considerou que a troca de mensagens são “evidências de encobrimento” de um criminoso.
A falta de confiança na Espanha “tem a ver com a continuação de Rajoy” no executivo, sustentou a responsável do PSOE, partido que no domingo – pela voz do seu secretário-geral, Alfredo Pérez Rubalcaba – garantiu ter rompido “todas as relações com o PP”.
Salientando que caso Bárcenas está causando um “dano incalculável” ao país em termos políticos, econômicos e morais, Valenciano anunciou que os socialistas estão tentando encontrar uma saída, “não do ponto de vista partidário, mas em conjunto”. Ela adiantou que o PSOE vai se reunir com os outros partidos com assento parlamentar.
Fonte: Ópera Mundi