Crise 2.0: Cúpula do Euro, Há Saídas para Crise?

Por Arnóbio Rocha.

Hoje os líderes europeus da Zona do Euro, participam de mais uma cúpula na tentativa de achar uma saída organizada para crise, não custa relembrar as reuniões anteriores comentadas aqui na série sobre a Crise 2.0, desde julho do ano passado, quase um ano, acompanhamos estes eventos Crise 2.0: Estados Unidos da Europa; Crise 2.0: A ruptura do Bloco Europeu; Crise 2.0: Novos Tempos na UE?), sempre as expectativas vão baixando, proporcionalmente ao aumento da crise. Os planos mirabolantes dos burocratas de Bruxelas, com seus papers que logo vão para lixeira, quando os “líderes” entram na sala.

 Rapidamente, apenas para relembrar, nos dias que antecedem estas cúpulas, aparece um dirigente dizendo que está salvando a Europa, Sarkozy era o que mais gostava de praticar este teatro. Ele se apresentava como o salvador, o homem que iria mediar os conflitos, entre os desvalidos ( PIIGS) e a poderosa Alemanha, mas, invariavelmente, nos primeiros momentos da reunião, passava a atacar os pobres, reforçando a posição alemã. Na famosa reunião que definiu os critérios de exclusão dos países que saírem da meta fiscal, foi exemplo típico. A França levou a proposta do Eurobônus, mas saiu de lá com a espada na mão expulsando o Reino Unido, em nome da Sra Merkel.

 O cenário desta reunião extraordinária, pedida pela Itália, parece que o destino é o mesmo, como Hollande não cumprirá o papel de Sarkozy, cabe ao premier italianos, Mario Monti, que não é Belo, bancar a farsa burlesca, mas com um agravante, seu país afunda perigosamente, junto com a Espanha, então não há teatralidade possível, melhor seria a sobriedade, pois a situação italiana nunca esteve tão frágil. Mesmo assim, Monti, insiste na representação:

“Por sua vez, o primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, disse que uma solução na cúpula é necessária para interromper a crise da dívida soberana, acrescentando que ele está pronto para ficar em Bruxelas até domingo para tentar fechar um acordo. “Um acordo entre a Alemanha e a França é necessário, mas não suficiente”, afirmou Monti em um discurso no Parlamento, destacando que a Itália está desempenhando um papel central na tentativa de alcançar soluções concretas para combater a crise, ao centrar foco no estímulo ao crescimento e estabilização dos mercados”.

 Bem acima do Parlamento italiano a bolsa de Milão afunda, a ciranda financeira chegou aos raios da loucura, a rolagem da dívida italiana que, neste ano, deverá alcançar os incríveis 500 bilhões de Euros, está sendo feita na sua maioria em títulos de curtíssimos prazos, com juros exorbitantes, que sobem e encostam nos mesmo valores dos da Espanha, que já são parecidos com os da Irlanda, Portugal e Grécia. A loucura não tem limites. Como diz a nota no Estadão de hoje:

“Os custos de empréstimos de seis meses da Itália subiram para 2,957 por cento em um leilão na quarta-feira, nível mais alto desde dezembro, ampliando a pressão sobre o governo conforme ele busca, em uma cúpula da União Europeia nesta semana, medidas concretas para aliviar as tensões no mercado. Há um mês a Itália pagou 2,1 por cento para vender papéis de seis meses. A venda de 9 bilhões de euros em títulos nesta quarta-feira aconteceu antes de uma oferta de papéis de cinco e dez anos na quinta-feira, para até 5,5 bilhões de euros. A relação oferta e demanda foi de 1,6 vez, em linha com o que foi visto há um mês. Na terça-feira, a Espanha pagou 3,24 por cento para vender títulos de seis meses. A Itália viu seus custos de empréstimos de dois anos subirem para 4,71 por cento”.

 Esta pressão quase que diária e semanal, paralisa o Estado, a soma de crises, exaure as forças de qualquer governo, mais ainda de um que é Biônico, caso de Mario Monti, que foiimposto pela Troika, agrava a situação política e social. Agora aparece como se fosse um vetor que pode ajudar sair a Europa da crise, mas não dá conta nem de sustentar a Itália. Se bem que, a lógica está correta, sem a Zona do Euro ajudar, todos caíram, um a um, sem a menor compaixão alemã. Basta ver o caso da Espanha, que luta desesperadamente por apoio, mas suas súplicas caem no vazio. Agora vai apelará  na esperança que “A cúpula dos líderes também discutirá uma maior união bancária no bloco monetário, junto com o plano apresentado em um relatório pelo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, completou De Guindos.

“Acredito que o Eurogrupo fará algumas contribuições importantes a respeito disso e, como o primeiro-ministro (Mariano Rajoy) disse antes, acho que a possibilidade de injeção direta de capital aos bancos estará em discussão”, disse ele ao Parlamento. A Espanha pediu a ajuda de até 100 bilhões de euros para recapitalizar seus bancos, embora as atuais regras determinem que ajuda monetária europeia vá primeiro para o Estado, ampliando os já altos níveis da dívida pública”.

Hora, se ajuda passar pelo Estado, como determinam as regras, mais a Espanha afundará,  os documentos preparatórios dos burocratas de Bruxelas pedem que “ Os países da zona do euro deveriam transferir a supervisão de seus bancos para um supervisor europeu – possivelmente o Banco Central Europeu (BCE) -, ter seu próprio ministro de Finanças, submeter os orçamentos dos países-membros a um controlador central e, em última instância, compartilhar suas dívidas. Estas seriam as principais propostas incluídas em relatório de sete páginas que começa a ser debatido amanhã em uma cúpula de dois dias em Bruxelas”.

 Mas não animam tanto pois, como diz bem o EstadãoMas os formuladores do relatório propõem que ele deve ser concluído até dezembro, com a apresentação de uma versão“ As propostas são ambiciosas, mas vagas. Por exemplo, não define claramente quais instituições devem assumir as novas competências no âmbito europeu.  […] isso poderia desencadear uma longa – e provavelmente difícil – revisão da união monetária, que não só exigirá mudanças no tratado europeu, mas também nas constituições nacionais, e referendos em alguns países. As duas partes centrais do relatório são a união bancária e a fiscal que os líderes vêm discutindo nas últimas semanas, depois de enormes perdas que levaram a Espanha a pedir um socorro de até 100 bilhões para recapitalizar seus bancos em dificuldades.

 Aqui começa um problema que vai se repetir na cúpula, a chanceler alemã, Angela Merkel, é contra qualquer partilha inclusive disse ontem numa reunião de aliados que “Europa não teria compartilhamento total da responsabilidade da dívida “enquanto eu viver”. A maior força econômica da Europa não aceitará dividir as responsabilidades, pois ela é a maior beneficiária, por enquanto, do caos geral ao sul. A Alemanha, já mostramos em números( Crise 2.0: O (não)Mistério da Força Alemã), várias vezes aqui, não quer mudança alguma, pois o modelo lhe é favorável. O tempo exato que isto perdurará, é que é o ponto.

 As atenções mais uma vez se voltam ao que sairá desta reunião, Hollande tem sido o contraponto essencial ao “passeio” alemão, mas sua França, está em posição delicada, não no mesmo ponto de Espanha e Itália, mas com ameaças terríveis de uma economia paralisada, com crescimento ZERO, pois mais um ano, tecnicamente em recessão. Hollande sabe os limites que tem seu país, mas a afronta de Merkel é uma coisa que não é fácil de engolir. Vive como abutre no meio do caos.

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