Por Rachel Duarte.
O Brasil é o país com o maior número de crimes contra gays no mundo – e muitos destes casos acabam em mortes. Embora ainda não oficiais, devido à falta de delegacias especializadas e do preconceito por orientação sexual não ser crime no país, os dados levantados informalmente por ONGs mostram que à mesma medida em que os direitos dos homossexuais crescem, também aumentam a intolerância e a violência. Conforme o Grupo Gay da Bahia, no últimos três anos o aumento de mortes de gays chegou a 70%. A maioria dos casos está centrada na Bahia, Alagoas e São Paulo.
A barbárie brasileira em relação aos homossexuais ganhou o mundo e está sendo exposta nos EUA em forma de arte. Cyríaco Lopes, artista plástico brasileiro, radicado nos Estados Unidos e professor de arte na City University of New York (John Jay College), expõe a partir de 7 de agosto, na President’s Gallery, em Nova York, a série Crimes Against Love (Crimes contra o Amor). São mortalhas com fotos de esculturas antigas impressas em tecido.
A série de memoriais aos mortos retrata que há, na visão do artista, uma guerra urbana contra os homosexuais no Brasil. Ele expõe episódios de casos brutais de homicídios por homofobia em um país que tem a contradição de ter alcançado o direito à união homoafetiva e realizar uma das maiores paradas do orgulho gay no mundo, mas também ser o líder mundial em assassinatos por causa da orientação sexual.
A série de memoriais aos mortos retrata que há, na visão do artista, uma guerra urbana contra os homosexuais no Brasil. Ele expõe episódios de casos brutais de homicídios por homofobia em um país que tem a contradição de ter alcançado o direito à união homoafetiva e realizar uma das maiores paradas do orgulho gay no mundo, mas também ser o líder mundial em assassinatos por causa da orientação sexual.
“2007 – Osvan Inácio dos Santos. Naquela noite: 1) Ganhou o título de Miss Gay Piracicaba 2) Apanhou e teve o crânio rachado. Glória nunca mais. Nunca chegou aos 20.”
Sobre o autor
Cyriaco Lopes é um artista brasileiro que vive e leciona arte nos EUA há mais de uma década. No Brasil seu trabalho foi visto no MASP (Prêmio Phillips de Viagem à Europa), no MAM do Rio e de Salvador, e no CCSP. Nos EUA seu trabalho foi exibido nos Museus de Arte Contemporânea de Saint Louis (Prêmio de projeto) e de Baltimore, no El Museo e na Apexart em NY. Seu trabalho também apareceu em diversos países europeus, como a França, a Alemanha (individual), Itália, Polônia e Portugal. De fato, apenas nos últimos 2 anos o trabalho também foi incluído em exposições em Guent, Nantes, Belfast, Reykjavik e Gênova. Artistas importantes foram curadores do seu trabalho como Lygia Pape, Luciano Fabro e Janine Antoni, assim como críticos como Paulo Herkenhoff.
“A originalidade da minha trajetória está na exploração de temas políticos: do fim da ditadura à violência urbana, até questões de direitos civis para homossexuais. Talvez o único artista brasileiro da minha geração (cujo trabalho emergiu no finalzinho dos anos 90) a ter se comprometido consistentemente com questões políticas atuais”, diz Cyriaco Lopes.