Cresce o Ecofeminismo no Brasil. Você sabe o que é?

Imagem: Franciele Arnold

Por Maurício dos Santos para Desacato.info.

“Não é raro que mulheres, mesmo as mais familiarizadas com o feminismo, nunca tenham ouvido falar de ecofeminismo. Assim como o feminismo, o ecofeminismo conta com algumas linhas teóricas e filosóficas não totalmente iguais, porém todas têm como base a ligação das mulheres e ecologia. Assim como o feminismo, o ecofeminismo é um movimento essencialmente político”. Exatamente fiel a essas palavras, é que a antropóloga e professora Carmem Russi abriu sua palestra sobre “Pensamentos ecofeministas numa sociedade capitalista”.

Aguardava ansioso por mais preceitos da mineira Carmem, mesmo tendo pesquisado, minutos antes dela subir ao “palco” do auditório do Auditório do Centro de Ciências da Educação, sobre razões e sentimentos que permeiam essa filosofia em que muito me “vejo”.

Eu anotava de maneira veloz, que foi em 1970, com o início do reconhecimento da crise ambiental pós revolução industrial, que o movimento se consolidou. Acredita-se que o termo foi primeiramente empregado em 1974 no livro Le Feminisme ou la Mort, da escritora Françoise D’Eubonne.

Como a palestrante explica, na literatura ecofeminista, podem ser identificadas diversas interconexões entre a dominação das mulheres, dos animais e da natureza: histórica, conceitual, empírica, socioeconômica, linguística, simbólica e literária, espiritual e religiosa, epistemológica, política e ética”.

Compreendo, agora, que o ecofeminismo enxerga a importância de ampliar o círculo de moralidade para assim incluir animais não-humanos e natureza na discussão feminista. Como explica Daniela, há diversos motivos pelo qual a luta das mulheres deve incluir “os Outros”, mas, fundamentalmente, mulheres e natureza compartilham do mesmo sistema de opressão além de ser as mulheres que sofrem mais com danos ambientais.

Acompanham o evento, estudantes, professores, funcionários da UFSC, e comunidade em geral. Olho atento, meio sem piscar, respiro devagar, com aquela sensação de alívio, sabe? Nossa, como essa filosofia apresenta tudo o que eu sempre acreditei e quis ser! Logo, já penso: vou sair daqui segurando uma nova bandeira. E tem que ser verde e toda florida. Por essa pluralidade de pensamentos e teorias, podemos chamar de ecofeminismos e feminismos, no plural.

As Ecofeministas mais lembradas em pesquisas:

ecofeminista indiana Vandana Shiva é um dos nomes mais importantes do ecofeminismo. Com um currículo extenso, já escreveu diversos livros sobre o tema e é uma ativista bastante reconhecida. Uma de suas principais preocupações gira em torno da agricultura e como essas práticas afetam o meio ambiente e a vida dos trabalhadores. Quem assistiu The True Cost pode ver sua fala sobre os problemas que a plantação de algodão trouxe para a Índia.

Já Charlene Spretnak é uma ecofeminista igualmente ativista e política. Fundou o Partido Verde americano, é autora de diversos livros e tem como principal foco de análise a modernidade e seus impactos.  Spretnak cultiva um pensamento bastante interseccional e é capaz de relacionar a arte moderna ao feminismo e à espiritualidade. Essa última, bastante presente em algumas correntes filosóficas do ecofeminismo.

A americana Carol J. Adams é uma ecofeminista animalista e autora de diversos livros incluindo A Política Sexual da Carne. Carol coloca a opressão das mulheres e dos animais sob o mesmo guarda-chuva e o faz de maneira bastante didática, dando exemplos do nosso dia a dia que vão desde à linguagem até a publicidade.

Outra americana, Karen Warren é autora de um livro referência do movimento chamado Ecofeminist Philosophy e responsável pela teoria da ética sensível ao cuidado. Warren analisa todos os principais pontos do ecofeminismo, incluindo a espiritualidade, o vegetarianismo e a relação das mulheres e natureza por meio do gênero.

No Brasil, além de Daniela Rosendo, a professora Sônia T. Felipe é um nome bastante importante na área, principalmente por ser uma importante estudiosa e defensora dos direitos  dos animais. Sônia é responsável pela apresentação do livro de Rosendo e, juntas, elas representam o movimento ecofeminista animalista no Brasil.

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