Por Dayana Vitor.
A dor pela morte de um parente querido pode transformar-se em alegria para outras famílias, desde que os órgãos sejam doados. Um indivíduo saudável, que teve morte cerebral decretada, pode ajudar até 14 outras vidas com a doação das córneas, rins, coração, pulmões, pâncreas, entre outros órgãos.
No Brasil, o número de doadores vem crescendo. No primeiro semestre deste ano aumentou quase 12%. Passamos de mais de 14 doadores para cada 1 milhão de pessoas para mais de 16 por milhão de habitantes.
Na Espanha, que é referência na doação de órgãos, são quase 40 doadores para cada milhão de indivíduos. Os dados são da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
Para lembrar sobre a importância de avisar a família sobre o desejo de doar órgãos, em 27 de setembro é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Durante todo o mês ocorre o Setembro Verde para reforçar a importância da doação.
A professora Aline Santos entrou na fila de transplantes de órgãos, em janeiro de 2014. Ela teve uma doença autoimune que atingiu o fígado. Devido ao estado de saúde bem delicado, a jovem era a primeira da fila, mas a doação do fígado que salvou sua vida ocorreu no dia 26 de junho do mesmo ano.
Sua expectativa de vida era de seis meses. Aline explica como tudo mudou após o transplante.
“Depois do transplante eu ganhei uma nova vida, voltei a trabalhar, estudar. Eu fique muito grata a essa família porque, em situação de dor, ela fez esse gesto de amor que salvou a minha vida. Eu tinha 23 anos e já não tinha assim, uma expectativa de vida muito alta.”
O auxiliar-administrativo Brenno Rezende é primo de Aline é já avisou para a família sobre sua intenção de doar todos os órgãos.
“Já cheguei a conversar, comentar com meus familiares e se acontecer alguma coisa, eles têm toda autonomia para tomar a decisão.”
Existe o mito que o processo de doação pode ocorrer com chances da pessoa ainda estar vida. O vice-presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Paulo Pegô, esclarece que a doação só pode acontecer após um rigoroso processo de confirmação da morte cerebral.
“Você tem que ter o diagnóstico de morte cerebral [feito] por um médico que não faça parte de uma equipe de transplantes. Esse diagnóstico tem que ser confirmado por outro médico, seis horas depois é confirmado esse diagnóstico. Além disso tem que ser confirmado por exames como o eletroencefalograma ou doppler de carótidas mostrando que o cérebro não tem mais funcionamento.”
De janeiro a junho deste ano foram realizados, no Brasil, 4.208 transplantes de órgãos. A maioria de doadores falecidos, portanto, avise sua família da intenção de doar os seus, no caso de morte cerebral. Este simples ato pode salvar várias vidas.
Fonte: Conexão Jornalismo