Por Cristian Menna.
Sem lockdown, promovendo uma série de remédios ineficazes e perigosos, debochando do povo brasileiro que sofre com mais de 4 mil mortes por dia, mentindo sobre vacinas, atrasando o auxílio emergencial de valor irrisório, atacando governadores e prefeitos que enfrentam a COVID, deixando de comprar insumos, medicamentos, repassar verbas e incentivando descrença e ódio na população. É assim que o governo federal decidiu “enfrentar” a COVID como já mostrei no texto COVID: O plano para o rebanho (visite a referência 1, ref-1 daqui para frente, assim como as demais).
Mas o governo federal não está sozinho nessa.
No dia 24 de março de 2020, Miguel Nicolelis já criticava a posição do governo federal e destacava o apoio (ou talvez a origem da demanda), de empresários dos Estados Unidos e do Brasil ao não fechamento dos serviços que não fossem essenciais à vida. Uma posição que, segundo o próprio doutor e pesquisador Miguel Nicolelis, garantiria o prêmio Boçal do Ano a algum ou alguns desses empresários. O médico ainda destaca que nenhuma invenção humana deveria estar acima da vida humana, ou seja, que as atividades econômicas não estão acima da vida humana, que deveriam cessar e que esse não deveria ser um dilema a ser discutido, caso contrário, não daríamos conta da crise que estava por vir (ref-2).
E não demos mesmo.
De lá para cá, superamos a marca de 400.000 mortos por COVID, ficamos sem ministro da saúde, trocamos de ministro da saúde inúmeras vezes, experimentamos colapso do sistema de saúde, sabotagem do enfrentamento ao COVID, fígados, rins e corações destruídos por hidroxicloroquina e ivermectina, mortes por nebulização de hidroxicloroquina, como o caso Michele Chechter, pedidos de afastamento do presidente Jair Messias Bolsonaro, ameaças de golpe feitas pelo próprio presidente e violência desenfreada incentivada pelo mesmo (ref-3, ref-4).
Então as vacinas finalmente chegaram. E agora os problemas estão resolvidos, certo?
Errado.
O lobby dos fura-fila
Conforme Gregório Duvivier e a equipe do programa Greg News nos mostram, através de uma síntese das diversas notícias e acontecimentos veiculadas pelo país, o Prêmio Boçal do Ano parece estar sendo disputado de forma acirrada por Carlos Wizard e Luciano Hang, líderes de um lobby que teve por objetivo alterar a PL 948/2021, sobre compra de vacinas por empresas privadas, para que essas empresas não tivessem obrigação de doar 100% e depois 50% das vacinas para o SUS. Luciano e Carlos pretendiam, desta forma, garantir que a iniciativa privada pudesse comprar vacinas para vacinar os próprios trabalhadores (e quem mais quisesse), atropelando a fila prioritária de pacientes de grupos de risco e da linha de frente de enfrentamento ao COVID (ref-5).
É sempre bom lembrar que, entre outras medidas, Wizard (que já responde a 34 processos criminais) já tentou maquiar os números da COVID e Hang (que responde, por sua vez, a 112 processos) inaugurou lojas da Havan com verdadeiros espetáculos de aglomeração (bancados com dinheiro de sonegação de impostos, obviamente), (ref-5, ref-6, ref-7).
Alterações propostas ainda pelo deputado Hildo Rocha sugerem que as empresas possam comprar vacinas mesmo sem aprovação da ANVISA, que o presidente Jair Messias Bolsonaro deve aprovar as empresas que poderão comprar as vacinas e que as vacinas possam ser deduzidas do imposto pago pelas empresas (uma sugestão do nosso querido ministro Paulo Guedes). Vale lembrar, as farmacêuticas não negociam com empresas privadas, apenas países, o que significa que a compra deveria ser realizada através do estado brasileiro. Em outras palavras, você vai pagar as vacinas compradas por Wizard e Hang para furar a fila da vacinação (ref-5, ref-6, ref-7, ref-8).
Aglomerações
Mas grandes empresas e políticos corruptos não são os únicos cúmplices das estratégias de descaso e morte no não enfrentamento da COVID-19.
Só nas capitais Rio de Janeiro, São Paulo e Florianópolis, Bom Prato, Mercado Municipal da Lapa, Pool House Bar & Lounge, Café de la Musique, Lontra Bar e o próprio governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro promovem aglomerações, muitas vezes ilegais e sem respeitar as medidas sanitárias estipuladas nos estados (que já não são metade do necessário). Além disso, bares, spas, baladas, ônibus lotados com trabalhadores que não receberam qualquer apoio dos governos federais, municipais e estaduais e festas clandestinas aconteceram e acontecem mesmo durante o colapso que lotou e ainda ocupa muito das UTIs de todo país (ref-9, ref-10, ref-11, ref-12, ref-13, ref-14, ref-15, ref-16, ref-17).
Milhares de pessoas estão morrendo sufocadas, intubadas sem anestesia, com dores pelo corpo, outras tantas sairão da doença com sequelas crônicas, além disso, quaisquer outros problemas mais graves terão péssimo atendimento, se o tiverem, por causa da lotação dos hospitais e exaustão dos profissionais de saúde, além da sabotagem do governo federal que deixa essas instituições sem medicamentos e outros recursos necessários para o enfrentamento da doença. Ainda assim, pessoas e empresários escolhem abrir restaurantes, festas e baladas, negligenciar as medidas sanitárias e utilizar máscaras e manter distanciamento apenas quando os agentes de vigilância sanitária aparecem no local, como foi o caso no Lontra Bar de Florianópolis.
Além desses casos, passamos diariamente por dezenas de pessoas sem máscara nas ruas (nós que somos obrigados a sair de casa para trabalhar, visto que o governo federal não oferece qualquer auxílio à população ou aos pequenos empresários). Algumas pessoas ainda agridem quem denuncia ou defende as medidas sanitárias como no caso da repórter da Globo covardemente agredida em uma praia por gravar banhistas sem máscara.
Se o termo para descrever a posição de todas essas pessoas não é “cúmplices”, nesse caso, de genocídio, eu não sei qual é.
Conclusão
Estamos vivendo uma das maiores calamidades da história recente.
Só no Brasil, 4 mil vidas são perdidas sem necessidade por dia, 4 mil famílias são destruídas por dia, 4 mil empresas perdem funcionários ou proprietários por dia. O governo federal fez de tudo para que a população morresse e teve ajuda de grandes empresários, mas também de cada um que organizou festas clandestinas, aglomerações, que não usa máscara, toma remédios perigosos, agride, hostiliza, debocha.
O desrespeito, o descaso, o ódio e o rancor, o negacionismo, a ignorância, a maldade tomaram conta de uma parcela considerável da população brasileira que está cometendo o pior tipo de suicídio de todos: o que leva os demais junto. Muitos de nós, que tomamos todos os cuidados possíveis e incentivamos a todos a fazerem o mesmo, podem acabar morrendo por causa de uma parcela que por ódio ou egoísmo optou por colaborar com um governante genocida, um punhado de empresários boçais e desumanos e o vírus mais mortal da atualidade.
A cada dia de inanição, gritos por “impeachment” e por CPI, 4 mil pessoas, famílias e empresas morrem um pouco.
O afastamento e prisão de Jair Messias Bolsonaro é urgente, assim como é urgente a tomada de medidas como Auxílio Emergencial relevante, Lockdown e vacinação em massa!
E como eu gostaria, porque minha paciência já está pouca, que cada um, cada empresário da lista de Boçais do Ano, cada dono de casa de festas, cada foliante, cada pessoa sem máscara na rua pudesse ser, assim como o boçal maior e genocida que os lidera, trancafiado numa cela pelo resto da vida.
Depois?
Depois temos uma disputa de senso comum para assumir, com radicalidade que não vimos no Brasil, ou veremos mais e mais disso, década após década.
Referências:
Referência 1: Cristian Menna — COVID, o plano para o rebanho
Referência 2: Miguel Nicolelis — Nicolelis Night News Premiere 24/03/2020
Referência 3: Átila Iamarino — Live 24/03/2021 — Quem é o responsável pela pandemia — Com Deisy Ventura
Referência 4: Átila Iamarino — Live 18/05 — Força SUS. Ciência e paciência com Drauzio Varella
Referência 5: Greg News — Carteirada
Referência 6: Jusbrasil — Processos Carlos Roberto Wizard Martins
Referência 7: Jusbrasil — Luciano Hang
Referência 8: Átila Iamarino — Live 16/03/2021 — É colapso
Referência 9: SBT Jornalismo — Reportagem
Referência 10: TV Brasil — 1a Reportagem
Referência 11: TV Brasil — 2a Reportagem
Referência 12: SBT Jornalismo — 1a Reportagem
Referência 13: Band Jornalismo — Reportagem
Referência 14: UOL — 1a Reportagem
Referência 15: UOL — 2a Reportagem
Referência 16: Balanço Geral Florianópolis — Reportagem
Referência 17: Ulbra TV — Reportagem
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