Covid-19 na França: casos crescem nas escolas que fecham milhares de classes

Foto: Crub.org

Texto de RFI – Rádio França Internacional

O aumento do número de casos de Covid-19 nas escolas francesas, que estão funcionando normalmente desde setembro de 2020, apesar da epidemia, gera preocupação entre professores, pais e alunos. Segundo dados do Ministério da Educação francês, até quinta-feira (25), mais de 3.256 classes e 148 estabelecimentos foram fechados para frear a propagação do coronavírus.

Máscaras a partir de seis anos, distanciamento “na medida do possível”, gel e separação de classes nas cantinas, mas sem grupos em número reduzido no ensino fundamental. Para manter as escolas abertas – uma das grandes prioridades da França na gestão da epidemia- tudo foi feito, ou quase.

Mas, diante da agressividade da terceira onda epidêmica, com a predominância da cepa britânica, manter os estabecimentos abertos é uma opção arriscada. A variante, mais contagiosa e mortal, contamina mais crianças e jovens – dados epidemiológicos apontam um aumento de 31% nas infecções na faixa etária entre 0 e 14 anos no país somente na última semana.

Na tentativa de diminuir a circulação do vírus, que está fora de controle em 19 regiões, inclusive a parisiense, o ministro da Educação francês, Jean Michel Blanquer, anunciou que uma sala de aula será fechada automaticamente se um caso for detectado no grupo.

O período de isolamento dos alunos na pré-escola, por exemplo, onde o uso da máscara não é obrigatório, também se tornou mais rígido: a criança deverá ficar 17 dias em casa se um dos pais for diagnosticado positivo para o SARS-Cov-2. As regras mudam em função das cepas detectadas e da aparição (ou não) de sintomas.

Até agora, as classes no ensino médio e fundamental só eram fechadas a partir de três casos positivos da cepa clássica e um das variantes brasileira ou sul-africana. Para o Sindicato dos Professores francês SNUIPP-FSU, um dos maiores da categoria, o novo dispositivo afetará ainda mais o funcionamento das escolas. “Teremos certamente muitas classes fechadas na próxima semana”, disse Guislaine David, porta-voz do sindicato, ao canal francês BFM TV.

Professores vacinados

O governo também anunciou que professores e funcionários que trabalham em escolas poderão ser vacinados em abril. As novas medidas de prevenção também incluem campanhas de depistagem nos estabelecimentos com testes salivares, que acabam de chegar ao mercado na França.

O ministro da Educação francês também prometeu mais substituições em caso de contaminação. “Esse é um dos nossos maiores problemas atualmente. Os professores contaminados ou que estiveram em contato com alguém infectado não podem ser substituídos”, diz a representante do sindicato. De acordo com ela, na região parisiense e em Hauts de France, outra área bastante atingida, não existem mais profissionais disponíveis.

Escolas podem fechar na próxima semana

Associações francesas também vêm denunciando a gestão do Ministério da Educação durante a epidemia. O coletivo Les Stylos Rouges, que reúne professores e pais, prestou queixa contra o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, diante da Corte de Justiça, por “colocar a vida de outras pessoas em risco.” O  coletivo critica a ausência de um protoloco sanitário nas escolas adaptado à gravidade da epidemia, que expõe pais, professores e alunos.

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