O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, anunciou nesta quinta-feira (16/04) a ampliação do estado de emergência para todo o país, com o objetivo de possibilitar uma luta mais eficaz contra a propagação do novo coronavírus. “As áreas em que o estado de emergência deve ser aplicado passarão de sete para todas as regiões”, afirmou Abe durante uma reunião com especialistas médicos dedicada à pandemia.
Na semana passada, o premiê japonês havia declarado estado de emergência até 6 de maio em sete das 47 regiões do país, incluindo Tóquio e seus subúrbios, assim como a região de Osaka, a grande metrópole do oeste.
Este dispositivo, que será aplicado por um mês, não faz menção à quarentena obrigatória, mas permite às autoridades regionais recomendar aos moradores que limitem seus deslocamentos e estimulem certas empresas a fecharem temporariamente. Nenhuma sanção está prevista para quem violar as orientações do governo.
Essa política de contar com o bom-senso e os hábitos de higiene rigorosos dos japoneses não gerou, entretanto, os resultados esperados. “Se limitamos as áreas (sob estado de emergência), as pessoas vão para as regiões vizinhas”, alegou o porta-voz do governo, Yoshihide Suga, nesta quinta-feira.
Até agora, o Japão se manteve relativamente livre da pandemia, mas o número de casos aumentou de forma significativa desde o fim de março, com o risco de sobrecarregar os hospitais. O último boletim diário do Ministério da Saúde reportou quase 8.600 casos de contágio e 136 óbitos provocados pela covid-19.
O que teria feito o governo japonês ampliar o estado de emergência, segundo o jornal The Japan Times, são as dificuldades crescentes das autoridades sanitárias locais em identificar a origem da infecção viral nos pacientes testados positivos para a covid-19. De acordo com o grupo de cientistas que assessora o premiê japonês em suas decisões, em 40% dos casos confirmados, não foi possível averiguar quando nem onde a pessoa se contaminou.
Com a disseminação rápida do vírus, muitos países desistiram de rastrear a origem do contágio. Mas quando um percentual dessa magnitude de doentes é atingido, sem que se saiba quem contaminou quem, é sinal que a situação se tornou incontrolável.