Cortes no Bolsa Família afetam mulheres nos vales do Jequitinhonha e Mucuri

Por Rute Pina.

O corte de R$ 15 no benefício do Bolsa Família pesou no orçamento de Jane Pereira Silva, de 38 anos. Moradora de Itinga (MG), cidade por onde passou a Caravana Lula Pelo Brasil nesta quarta-feira (25), ela está desempregada e faz bicos como diarista para sustentar a casa onde vive com o filho de 15 anos.

Por conta da crise, ela afirma que a procura por faxinas tem diminuído na cidade — localizada no Vale do Jequitinhonha, região que junto com o Vale do Mucuri, concentra um grande número de cidades com baixo o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM).

Em média, Jane tem trabalhado apenas duas vezes na semana. Hoje, ela recebe o valor de R$ 131 por meio do Bolsa Família, que complementam a sua renda: “O Bolsa Família, minha filha, é para eu comprar meu arrozinho, meu feijão, pagar minha água e minha luz. E eu agradeço a Deus.”

Desde 2011, o programa foi responsável por tirar 1,4 milhão de pessoas da extrema pobreza só no estado de Minas Gerais. Cerca de 4,4 milhões de pessoas foram atendidas e R$ 9,3 bilhões foram injetados na região. O programa também é conhecido nacionalmente pela contribuição à autonomia das mulheres: elas representam 90% das pessoas inscritas no Bolsa Família.

O programa tem sofrido com cortes desde 2015, ainda no governo de Dilma Rousseff (PT). Mas, neste ano, o número de beneficiários registrou a maior redução em um mês desde seu lançamento, em 2003. 543 mil famílias perderam o benefício entre junho e julho de 2017.

Assim que assumiu o governo federal, o presidente golpista Michel Temer (PMDB) afirmou ter encontrado irregularidades em registros de 1,1 milhão de beneficiários e utilizou o argumento para iniciar uma série de reduções e suspensões dos benefícios.

Maria Pereira de Oliveira, 77 anos, mora em Catují (MG), município localizado no Vale do Mucuri, e relatou o corte do benefício após a aposentadoria.

“Somos quatro pessoas dentro de casa. E só eu que tinha o benefício. Quando eu aposentei, eles foram e cortaram o benefício que me ajudava demais, me ajudava na farmácia, comprar o remédio porque eu tomo muito remédio de controle, me ajudava em tudo e eles cortaram”, conta.

Em todo o país, cerca de 28,6 milhões de brasileiros saíram da pobreza entre 2004 e 2014, segunda a estimativa do Banco Mundial. A organização ligada à ONU estima que o Brasil poderá ter 3,6 milhões de “novos pobres” em 2017 e, no início do ano, recomendou que o governo brasileiro amplie o orçamento previsto do Programa Bolsa Família.

Keliane Rodrigues Barbosa, de 26 anos, tem dois filhos. Ela mora em Ponto dos Volantes (MG) com as crianças, enquanto o marido trabalha em outra cidade: “Com o governo novo que entregou agora, não está tendo emprego. O Bolsa Família ajuda muito porque a gente passa necessidade aqui, não tem emprego.”

Aproximadamente meio milhão de famílias ainda aguardam na lista de espera para ingressar no programa.

Nesta quarta-feira (25), no terceiro dia de sua caravana por Minas Gerais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou, além de Itinga, os municípios de Cajuti, Padre Paraíso, Ponto dos Volantes, Itaobim e Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha.

Fonte: Brasil de Fato

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