“Corta essa moita”: vereadora do Rio sofre ataques racistas e leva caso à polícia

As ofensas, feitas por apoiadores do ex-vereador e youtuber Gabriel Monteiro (PL), referiam-se ao cabelo da parlamentar

Por Redação Alma Preta Jornalismo.

Divulgação

A vereadora Thais Ferreira (PSOL-RJ), presidenta da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da Câmara do Rio, compareceu na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI) para prestar queixa por injúria racial nesta quarta-feira (24).

A vereadora, que é uma das duas únicas parlamentares pretas no legislativo carioca, recebeu ofensas racistas ao discursar no plenário durante a discussão sobre a cassação do ex-vereador Gabriel Monteiro (PL-RJ). A sessão foi transmitida ao vivo pelo canal oficial do SBT.

“Prestar queixa aqui delegacia é importante porque estamos buscando estimular que outras pessoas vítimas de ataques como esses, que não tem nada a ver com debate de ideias, também procurem seus direitos”, declarou a parlamentar após a realização da denúncia.

Segundo a assessoria, durante a fala da vereadora, perfis de apoiadores de Gabriel Monteiro – que também atua como youtuber – publicaram ataques baseados no tipo de cabelo e na aparênciade Thais Ferreira, que mantém longos cabelos crespos.

Um deles sugeriu que ela deveria “cortar essa moita” (em referência ao cabelo); outro disse que ela deveria sair para “pentear a juba”; e um outro afirmou que “pela cara, já se sabia que tipo de política defendia”.

“Essas pessoas que fizeram esses comentários não ofenderam só a mim, mas a todas as pessoas que compartlham de fenótipos como os meus, que são negros. Nós exigimos respeito, não admitimos ofensa a nossa integridade, de quem quer que seja, e estamos aqui para mostrar que existe um caminho para cobrar o cumprimento das leis que já existem nesse sentido”, enfatiza a vereadora.

Não é a primeira vez que Thais Ferreira é atacada

Em fevereiro deste ano, a vereadora já havia realizado outra queixa após o deputado estadual Rodrigo Amorim (PTB-RJ) fazer um discurso na ALERJ (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) associando sua aparência ao uso de drogas e ao crime organizado, como noticiado pela Alma Preta Jornalismo.

Essa investigação anterior está em curso, e teve uma nova coleta de depoimentos essa semana, segundo a assessoria da parlamentar.

“Os parlamentares e apoiadores militares do atual presidente Bolsonaro [PL] não podem achar que racismo é um tipo de espetáculo que eles podem utilizar para gerar engajamento nas redes. Nós viremos a delegacia quantas vezes forem necessárias e sempre que eles cometerem crimes contra a dignidade da população negra”, finaliza Thais Ferreira.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.