Corrupção envolvendo a Precisa vai além das vacinas, aponta analista

Mensagens divulgadas pela CPI da Covid mostram que o dono da Precisa teria sido avisado sobre operação policial no DF. Vazamento indica “milicianização” dos órgãos de controle, afirma o cientista político Wagner Romão, da Unicamp

Foto: Sérgio Lima/Poder360

A CPI da Covid desnudou nesta quinta-feira (26) a “arquitetura” dos crimes de corrupção envolvendo a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde. A partir da quebra de sigilo dos envolvidos no esquema fraudulento para a compra da vacina indiana Covaxin, mensagens trocadas sugerem que dono da Precisa, Francisco Maximiano, chegou a ser alertado antecipadamente sobre a deflagração da operação Falso Negativo. Realizada em julho de 2020, a operação fazia parte da investigações para apurar fraudes envolvendo a Precisa na venda superfaturada de testes rápidos ao governo do Distrito Federal.

“Quem vazou? Que poder é esse que tem o senhor, Maximiano?”, quis saber o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI. Para o professor do departamento de Ciência Política da Unicamp Wagner Romão o caso revela que as suspeitas de corrupção envolvendo a Precisa vão muito além das negociações na compra de vacinas.

Além disso, o vazamento de uma operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) por ordem do Ministério Público do Distrito Federal (MP-DF) demonstra um processo de “milicianização” dos órgãos de controle.

“O esquema das milícias é exatamente esse”, destaca Romão, em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta sexta-feira (27). “Atuam no sentido de desregular tudo para que os agentes privados possam fazer a farra com o Estado”, acrescentou.

Ele também ressaltou que esse “modus operandi” não está restrito apenas aos órgãos de controle ou ao Ministério da Saúde. Trata-se de uma marca do governo Bolsonaro em todas as áreas. Ele citou, por exemplo, esgarçamento das normas de proteção ao Meio Ambiente durante a gestão do ex-ministro Ricardo Salles. “O que Bolsonaro vem fazendo é um processo de destruição do Estado”, disse Romão.

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