Corrente internacionalista brasileira se solidariza com o Povo Palestino

obama sionismo 2

Carta da Corrente O Trabalho do Partido dos Trabalhadores

 30 de julho de 2014.

 

Fim imediato e incondicional do bombardeio contra o povo palestino!

Por um só Estado, laico e democrático, sobre todo o território da Palestina!

Os trabalhadores em todo o mundo acompanham horrorizados os massacres perpetrados pelo exército sionista de Israel na Faixa de Gaza sob o falso pretexto de “exercer seu direito de defesa”.

Em 20 dias, morreram mais de 1300 palestinos, sendo 226 crianças. De Israel, 53 soldados e 3 civis.

Ataques aéreos e bombardeios de artilharia pesada foram lançados deliberadamente contra escolas, hospitais, prédios residenciais na Faixa de Gaza.

Mais de 250 mil pessoas foram expulsas de suas casas e 90% da população de 1,7 milhão de habitantes foi desprovida de energia elétrica.

Em 29.07, uma legenda do jornal “O Estado de São Paulo” dizia mais que a foto: “Gaza, ataques a um parque, ontem, mataram 10 pessoas – sendo oito crianças”.

A Corrente O Trabalho do PT, seção brasileira da 4a. Internacional, une-se incondicionalmente às manifestações de solidariedade ao povo palestino, exigindo:

Fim imediato e incondicional dos bombardeios!

Retirada das tropas da Faixa de Gaza!

Suspensão do bloqueio militar e econômico das populações de Gaza e Cisjordânia!

Libertação de todos os prisioneiros capturados na ofensiva israelense!

***

Essa matança é um “conflito religioso”?

Uma propaganda que bombardeia os trabalhadores afirma que o fundo da questão palestina é um conflito religioso que “dura séculos”. Nada mais errado. Historicamente, houve, na Palestina, uma convivência pacífica entre as religiões judaica e muçulmana – e também a cristã.

O confronto foi desencadeado pelo surgimento de um movimento político, o sionismo, que buscava um território fora da Europa para ser colonizado exclusivamente por judeus.

Na época do Primeiro Congresso Sionista Mundial, em 1897, a Palestina era parte do império turco-otomano e tinha uma grande maioria de árabes muçulmanos e uma pequena minoria de judeus, além de árabes cristãos.

O sionismo era rejeitado pelos judeus da Palestina e era extremamente minoritário entre os judeus da Europa. Só ganhou força porque, desde sua origem, tornou-se instrumento das grandes potencias imperialistas.

Nas duas primeiras décadas do século XX, do Czar da Rússia, ao Kaiser alemão, passando pelos imperialismos inglês e francês, cada um, para atingir seus próprios objetivos, utilizou-se do sionismo, financiando-o e armando-o.

Após a primeira guerra mundial, com o império turco-otomano desmantelado, o imperialismo inglês assumiu o controle da Palestina já com o objetivo de expulsar árabes para criar um estado sionista na região.

Até o final da década de 1920, apesar de as grandes potencias – em particular os EUA – fecharem suas fronteiras às massas de imigrantes que saíam do leste da Europa, para canalizar os judeus para a Palestina, o número dos que aceitavam ir para lá era insuficiente.

Foi preciso acontecer a segunda guerra mundial e o holocausto nazista, nas décadas de 1930/1940, para que as perseguições aos judeus empurrassem para a Palestina o contingente populacional necessário para garantir a imposição do estado sionista.

“Dois estados” significa reconhecer ao sionismo o direito de expulsar os árabes de suas terras

Em 29 de novembro de 1947, num acordo envolvendo Estados Unidos, Inglaterra, França e a burocracia stalinista que governava a URSS, a recém-criada ONU aprovou a Resolução 181 que dividiu a Palestina em dois estados (com o voto favorável do Brasil).

Naquele momento, com a chegada de levas de judeus jogados para fora da Europa, a demografia da Palestina tinha mudado mas, ainda assim, havia uma maioria de 1,1 milhão de árabes e 800 mil judeus.

Os sionistas proclamaram seu estado em 14 de maio de 1948 e, por meio de atentados terroristas, guerras e massacres, ocuparam, em menos de um ano, 78% das terras da Palestina (*).

Hoje, 65 anos e muitas guerras depois, o estado sionista de Israel ocupa 98% do território histórico da Palestina, armado até os dentes, com o quarto orçamento militar do mundo, sendo também o quarto exportador de tecnologia militar, inclusive para o Brasil. Sua lógica é um estado de Israel numa Palestina sem palestinos.

Nos 2% restantes estão vilas e cidades palestinas, recortadas por muralhas, isoladas umas das outras e do mundo, bloqueadas econômica e militarmente. Essa é a ficção do “estado palestino”, onde estão amontoados em condições miseráveis cerca de quatro milhões de palestinos (outros 1,3 milhão vivem dentro do estado sionista, sendo cidadãos israelenses de segunda classe – como no apartheid sul-africano; há, ainda, três milhões na diáspora).

O caminho da paz é o caminho da democracia e da soberania nacional, contra o imperialismo

A criação do estado sionista, em novembro de 1947 marcou, também, o declínio da Grã-Bretanha e a ascensão dos Estados Unidos como principal potencia imperialista mundial, assumindo a sustentação de Israel e de sua política.

Mas essa sustentação só pode existir porque, desde então, estabeleceu-se um consenso geral de todos os aparatos dirigentes, dos Partidos Comunistas, Partidos Socialistas, incluindo o Secretariado Unificado pablista, para dizer que a existência do Estado de Israel, tal qual fundado em 1948, não pode ser questionada.

E que a única perspectiva “progressista” seria a criação de um “Estado” palestino ao lado de Israel, tal qual se formulou nos acordos de Oslo (1993), que deram origem à Autoridade Nacional Palestina (ANP) e ao reconhecimento do estado sionista pela Organização da Libertação da Palestina (OLP).

Hoje, Obama pede um cessar-fogo para moderar o barbarismo dos dirigentes sionistas. Ele teme que a indignação e a cólera dos povos, ao lado da resistência heroica do povo palestino, alimente a ampliação das manifestações anti-imperialistas em todo o mundo, inclusive no próprio interior do estado de Israel, tal como ocorreu em Tel-Aviv (capital de Israel), dia 26.07, quando sete mil judeus e palestinos de Israel exigiram o fim da ofensiva militar. Também multiplicam-se casos de reservistas do exército israelense que se recusam a entrar em serviço.

O Brasil, agora acompanhado pelo Chile e Peru, chamou para consultas seu embaixador em Israel e anunciou que ele só retornará após o fim dos bombardeios. É uma atitude que abre a perspectiva de ruptura de relações diplomáticas, mas ainda sem ir ao ponto fundamental que seria a revisão do voto brasileiro na resolução da ONU que criou a política de “dois estados”, em 1947.

A recusa obstinada do primeiro-ministro de Israel, Netanyahou, de parar os atos de barbárie na Faixa de Gaza se inscreve numa situação em que, mergulhado em crise profunda, o imperialismo não consegue controlar todas as situações. E não controla as forças que ele mesmo coloca em movimento.

Mais do que nunca, na Palestina, a rejeição à política do imperialismo, a luta pela paz, é a luta em defesa da soberania nacional e da democracia, como formulou a 4a. Internacional ainda em 1947:

“A 4a. Internacional será a vanguarda da luta contra a divisão, por uma Palestina unida e independente, na qual as massas [árabes e judias] determinem soberanamente sua sorte por meio de uma Assembleia Constituinte (…) A terrível experiência que espera as massas judias no ‘estado miniatura’ [o estado de Israel] criará as condições para uma ruptura de camadas mais amplas com o sionismo criminoso. Se essa ruptura não ocorrer o ‘estado judeu’ se afundará em sangue”.

Pelo direito ao retorno de todos os palestinos expulsos de suas terras!

Por um só estado, laico e democrático, em todo o território histórico da Palestina, integrando em condições de igualdade todas as suas componentes, árabe, judia e outras!

Corrente O Trabalho do PT, seção brasileira da 4ª Internacional

(*) Mais informações em “As origens da divisão da Palestina” no http://otrabalho.org.br/as-origens-da-divisao-da-palestina/

 

Imagem tomada de: islamiacu.blogspot.com

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