Por Claudia Weinman, para Desacato. info.
Minha mãe ampara corações, também fora de si, ou dentro, depende do ponto de vista do leitor/a. Essa é uma semana incomum, golpeou a tristeza lá pela casa. Os filhos não podem entrar, sentar-se no sofá, nem brincar com o Bilu, o cachorro que chegou outro dia, para morar com eles.
Peguei o chimarrão e sentei-me do outro lado do portãozinho que divide a área, bebi. Ela me olhou firme com aquele cabelo caindo nos olhos. Eu senti o sofrimento, me rompeu a alma aquele olhar duro. Mas na conversa, encontramos o bem-estar, daquele jeito que temos que elaborar, para não nos perdermos em desesperança.
Então, a vizinha deixou alguns banquinhos e uma mesa de doação. Ela recolheu mostrando sua última produção. Um tapete, que eu particularmente colaria na parede, só para não pisar com meus pés em tamanha boniteza. Minha mãe avisou: – mas não é de colocar no chão, você pode ‘trupicar‘. A vizinha nem quis saber: – Deixa que eu ‘trupique’, dona Renate, pode fazer um pra mim.
Esse modelo da foto ela criou para presentear o médico cardiologista, que cuida faz muitos anos, do coração dela e do meu pai. Achei tão criativo ela juntar a profissão dele com a arte dela. É, está faltando mesmo sensibilidade nesse mundão. Que bom que minha mãe enxerga coisas que, por vezes, a gente se esquece, no dia a dia.
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Claudia Weinman é jornalista, vice-presidenta da Cooperativa Comunicacional Sul. Militante do coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR).
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