O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), confirmou as expectativas e anunciou nesta quarta-feira (17) aumento na taxa básica de juros, a Selic. Foi o primeiro em quase seis anos, desde julho de 2015. A alta foi até um pouco acima do esperado por parte dos analistas, de 0,75 ponto percentual, para 2,75% ao ano. E pode ter sido a primeira de um ciclo de elevações, abrindo um período de aperto monetário.
A decisão foi unânime e sem viés. Em nota, o Copom diz que dados recentes indicam “recuperação consistente da economia”, mas esse cenário ainda não contempla o aumento de casos da covid-19. “Prospectivamente, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia permanece acima da usual, sobretudo para o primeiro e segundo trimestres deste ano”, diz ainda o BC.
A última edição do Boletim Focus, relatório semanal oficial do BC baseado em expectativas de analistas de mercado, mostra projeção de 4,5% para a Selic até o final do ano. Na nota divulgada ao final da reunião, o Copom cita o aumento dos combustíveis e afirma que a “pressão inflacionária de curto prazo” se mostra mais “forte e persistente” que o esperado. Ainda assim, “mantém o diagnóstico de que os choques atuais são temporários, mas segue atento à sua evolução”.
Na semana passada, o IBGE informou que a inflação (IPCA) anual passou de 5%. A taxa de fevereiro foi a maior para o mês desde 2016. A principal pressão veio dos combustíveis.
Hoje, em entrevista à RBA, o professor da Unifesp André Roncaglia disse que um aumento de juros seria uma espécie de “cloroquina econômica”. O país segue sem crescimento, com pressão inflacionária e desempregado em nível recorde. Além da pandemia que segue em ascensão.
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