Os protestos no dia final da Copa do Mundo no Brasil, na zona norte do Rio de Janeiro, marcaram o fim do evento com um pouco do mais do mesmo: uma repressão brutal da Polícia Militar, com dezenas de violações dos direitos humanos.
A manifestação foi reforçada após dezenas de prisões arbitrárias pela Polícia Civil, com apoio do judiciário. Um manifesto de intelectuais e lideranças políticas foi lançado:
“(…) As prisões constituem ato eminentemente político e criam perigoso precedente: a privação da liberdade individual passa a ser objeto de decisão fundada em previsões e no cálculo relativo ao interesse dos poderes do Estado. Foram golpeados direitos elementares individuais e de livre manifestação.
Conclamamos todos os cidadãos comprometidos com os princípios democráticos, independentemente de ideologias ou filiações partidárias, a unirem-se contra o arbítrio e a violência do Estado, perpetrada, ironicamente, sob a falsa justificativa de evitar a violência.”
O Rio na Rua registrou: “Chamada de “Firewall 2?, a operação executada hoje pela Polícia Civil foi conduzida pela DRCI – Delegacia de Repressão a Crimes de Informática e prendeu 28 pessoas, às vésperas da final da Copa do Mundo. Foram mobilizadas 25 delegacias, 80 policiais e uma aeronave e há informações de que mais pessoas, ainda não identificadas, também serão presas preventivamente nos próximos dias.
(…) Os detidos são professores, advogados e ativistas que participaram de manifestações e greves recentemente. A alegação para as detenções ainda não está clara, mas fala-se em “envolvimento com vandalismo em manifestações”. Segundo advogados que acompanham os dados, serão cumpridos, ao todo, 60 mandados de prisão. Houve uma coletiva de imprensa no local em que a mídia independente foi impedida de participar.”
Violência contra os manifestantes
Segundo o portal Terra, ao menos sete pessoas ficaram feridas durante o protesto. Segundo socorristas voluntários, foi atendido um policial com dedo quebrado, um rapaz que teve um dente quebrado, um manifestante com uma lesão na costela e outro com suspeita de braço quebrado. Um fotógrafo foi ferido na barriga e nas costas com estilhaços de bomba de efeito moral.
Além deles, registra o Terra, o fotógrafo peruano Boris Mercado, 25, que foi ao Brasil especialmente para cobrir a Copa, acabou jogado no chão por PMs ao tentar fotografar a polícia agredindo os manifestantes. Ele chegou a ser detido e foi liberado após dizer que era repórter. “É triste ver a polícia reprimir comunicadores, que são observadores, nada mais. Usam a violência como primeira ferramenta”, afirmou.
Mauro Pimentel, fotógrafo do Terra, foi agredido por policiais militares quando cobria a manifestação na Praça Saens Pena. Ele tentou passar uma barreira de PMs para registrar um principio de confronto quando três policiais o acertarem com cacetetes no rosto e pernas. Um deles foi identificado como Portilho. O fotógrafo foi jogado no chão e teve a máscara de gás e a lente quebradas.
Ao menos outros dez jornalistas que tentaram registrar os casos de violência foram agredidos. A fotógrafa freelancer Ana Carolina Fernandes, que trabalha para a Reuters, entre outros veículos, caiu no chão na correria. Segundo ela, um PM arrancou a máscara de gás dela e jogou spray de pimenta em seu rosto.
O cinegrafista Jason O’hara foi esmurrado por diversos policiais quando registrava o protesto. Oswaldo Ribeiro Filho, da inglesa Demotix, teve uma bomba de gás jogada contra o rosto. Felipe Peçanha, da Mídia Ninja, teve a lente quebrada e foi cercado por oito PMs e espancado enquanto estava no chão.
Fonte: Revista Consciência.Net
Foto: Mídia Ninja