Coordenador do projeto Providence fala sobre monitoramento da Amazônia em tempo real


Vista aérea da sede do Instituto Mamirauá na cidade de Tefé, Amazonas – crédito Marcello Nicolato

A ideia do projeto surgiu de um problema enfrentado na Amazônia há tempo: a floresta sendo derrubada rapidamente enquanto os métodos tradicionais de monitoramento não permitiam respostas eficientes sobre o que estava acontecendo com a biodiversidade. Agora o Projeto Providence pode oferecer respostas mais rápidas em função da possibilidade de monitoramento, por vídeo e áudio, realizado por câmeras que transmitem em tempo real o que se passa na floresta. Além disso, o equipamento é capaz de identificar, através de um software, 40 espécies. O coordenador do projeto e pesquisador do Instituto Mamirauá, Emiliano Ramalho, vai realizar uma palestra para explicar o projeto e trazer novidades sobre a tecnologia depois de sua primeira aplicação. O pesquisador falará durante o IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, que será realizado de 30 de julho a 2 de agosto, em Florianópolis.

Pescador carrega pirarucu até centro de limpeza e tratamento, uma das fases do manejo – crédito Aline Fidelix

Uma rede de câmeras e microfones escondidos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, a 600 quilômetros de Manaus, automatizou o processo de monitoramento da fauna brasileira, por meio de equipamentos de áudio e vídeo capazes de detectar e identificar espécies por conta própria, em tempo real. O monitoramento depende geralmente de trabalhos de campo, em que os cientistas percorrem o local realizando registros. Em outras situações, são deixadas câmeras fotográficas com sensores de movimento, que fazem fotos ou vídeos de animais que passam diante dela.

No caso do Projeto Providence, os módulos visuais instalados não apenas registram a imagem do animal como também identificam a espécie através de um software próprio. As câmeras são alimentadas por energia solar e os dados enviados em tempo real para os pesquisadores via satélite.

Ariramba-da-mata, espécie procurada na região por observadores de aves – crédito Jéssica dos Anjos

Na primeira etapa do projeto, o sistema foi instalado em dez módulos de vídeo e áudio terrestres e era capaz de identificar 40 espécies, incluindo aves, mamíferos e répteis. A identificação era feita visualmente e também através dos sons que animais produzem como o canto de uma arara ou o urro de um macaco. Um módulo aquático também foi instalado no rio Amanã para a identificação acústica de botos.

A biologia e ecologia de onças pintadas na Amazônia é uma das linhas de pesquisa do Instituto Mamirauá crédito Amanda Lelis

O projeto foi realizado em uma parceria do Instituto Mamirauá com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), a Csiro, agência de pesquisa do governo da Austrália (que inventou o Wifi), e o Laboratório de Bioacústica Aplicada (LAB) da Universidade Politécnica da Catalunha, na Espanha, com financiamento de US$ 1,2 milhão da Gordon e Betty Moore Foundation.  “Queremos saber como a biodiversidade está sendo alterada pelas mudanças climáticas, pelo desmatamento e pelas obras de infraestrutura”, diz Ramalho. “E queremos saber isso rapidamente”.

Ofício de pescador de pirarucus é ensinado por gerações e há vinte anos segue os princípios de manejo em muitas regiões da Amazônia – crédito Amanda Lelis

Serviço:

O QUÊ: Palestra do pesquisador do Instituto Mamirauá Emiliano Ramalho – coordenador do Projeto Providence.

ONDE: IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, no Centrosul, em Florianópolis.

QUANDO: 02 de agosto, às 11h

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