Contra o homeschooling, pelo direito à educação laica, presencial, gratuita e de qualidade

 

Via O Poder Popular.

Nesta semana, presenciamos mais um dos grandes ataques cometidos por Jair Bolsonaro e sua claque à educação pública brasileira, a aprovação do projeto que autoriza a educação domiciliar, ou homeschooling. Com o pretexto de dar “liberdade às famílias” para decidirem a melhor maneira de educar seus filhos e filhas, este projeto representa uma gravíssima ameaça à existência da escola pública pelos motivos que iremos falar agora:

1 – possibilita o desvio de verbas públicas que deveriam financiar as escolas públicas para financiar a compra de materiais de procedência extremamente duvidosa para essas famílias, o que vai resultar em escolas ainda mais destruídas, ausência de profissionais como professores e professoras, merendeiros e merendeiras, secretários e secretárias, inspetores e inspetoras, pedagogos/as, psicólogos/as. A conta é simples: a verba pública para financiar esse tipo de iniciativa tem que sair de algum lugar. Alguma dúvida que sairá dos cofres das escolas públicas?

2 – É um projeto de extermínio do futuro da classe trabalhadora e de seus filhos e filhas. A partir desse projeto, serão abertas brechas para compensar à distância o estado precário das instituições e ausência de profissionais já mencionadas acima. Se a escola não tem professora de matemática? Compensa com a apostila. Se a escola não tem professor de educação física? Compensa com vídeo. Ou seja, está aberto o processo de ataque e sucateamento da educação pública.

3 – É fundamental que reflitamos: o que é a liberdade das famílias? Ora, este projeto tem por objetivo atender a uma demanda de grupos religiosos fundamentalistas, que alegam que a escola ensina conteúdos que não correspondem à sua visão de mundo. Seria o papel da escola laica se comprometer com algum tipo de ensino religioso? O papel da escola é promover a socialização da infância, juventude e de adultos/as a partir dos conhecimentos científicos produzidos pela humanidade. E isto não é feito para agradar a Religião A ou B; Retirar essas crianças e jovens da escola, privá-las do acesso à ciência, é negar o seu futuro, é negar sua capacidade de compreender a realidade, é fortalecer o obscurantismo e o negacionismo, que mataram e matam tantas pessoas com o caso da COVID, por exemplo.

4 – Tirar crianças e jovens da escola é deixá-las livres para qualquer tipo de abuso. É sabido que o abuso moral e sexual de crianças e jovens, na esmagadora maioria dos casos, não ocorre na escola, muito pelo contrário, é identificado e combatido na escola. Assim, privar as crianças e jovens do acesso à escola é largá-las nas mãos de abusadores e abusadoras, sem a menor chance de se defender, tendo em vista que as crianças muitas vezes denunciam casos de abusos, após terem acesso aos conhecimentos presentes na educação sexual, por exemplo.

5 – Por fim, é necessário perguntarmos, quem ganha com isso? Já vimos que não são as crianças e jovens, e nem suas famílias humildes que podem ser enganadas com esse discurso sedutor de liberdade. Só quem tem a ganhar com isso serão os grandes conglomerados empresariais que produzirão materiais caríssimos para quem “optar” pela educação domiciliar, e é claro os grupos sociais que se nutrem da ignorância e do desconhecimento, como os fundamentalistas sociais e religiosos que constituem a base de apoio de Bolsonaro.

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