O partido União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal Angela Merkel, continuará sendo o maior partido na assembleia estadual de Saxônia-Anhalt, de acordo com projeções realizadas após o pleito local neste domingo (06/06). O resultado aponta que os conservadores conseguiram frear os ultradireitistas do partido Alternativa para Alemanha (AfD), que chegaram a aparecer na liderança em algumas pesquisas.
A eleição era encarada tanto quanto um teste para a atual liderança da CDU nos poucos meses que restam antes da eleição federal de setembro quanto para a influência da AfD.
Ao final, a CDU conquistou 35,9% dos votos – seis pontos percentuais acima do resultado obtido no último pleito no estado, em 2016. Já a AfD continuou como o segundo maior partido no estado, com 22,7%, mas viu sua influência encolher ligeiramente, perdendo 1,6 ponto percentual dos votos.
Também não se concretizou o temor de que os ultradireitistas ampliassem sua presença no Legislativo da Saxônia-Anhalt, ou até mesmo fossem o partido mais votado. Dessa forma, a atual coalizão que governa o estado, liderada pela CDU, deve continuar no poder.
Uma potencial vitória eleitoral da AfD, algo que não ocorreu até agora em nenhum estado do país, também seria uma catástrofe para Armin Laschet, atual presidente nacional da CDU e aspirante a suceder Merkel na Chancelaria Federal. Impopular entre parte do partido, Laschet corria o risco de ver sua posição fragilizada caso a sigla obtivesse um mau resultado na Saxônia-Anhalt.
O maior partido alemão vivia há meses uma crise de confiança devido a falhas na gestão da pandemia e uma sucessão de escândalos de corrupção envolvendo deputados da sigla.
Em março, a CDU chegou a registrar duas derrotas significativas em eleições nos estados de Baden-Württemberg e da Renânia-Palatinado, mas o resultado deste domingo na Saxônia-Anhalt deve voltar a fortalecer a posição de Laschet no partido.
As últimas pesquisas nacionais apontam que a CDU aparece com entre 24% e 26% das intenções de voto no pleito federal, previsto para setembro. Os verdes, que chegaram a ficar à frente dos democratas-cristãos em alguns levantamentos nos últimos meses, aparecem no momento com entre 21% e 24%.
Com 1,8 milhão de eleitores, a Saxônia-Anhalt, é uma das regiões mais pobres da Alemanha e fazia parte do território da antiga Alemanha Oriental. O estado vem sendo quase ininterruptamente governado pela CDU desde a Reunificação, em 1990. O atual governador, Reiner Haseloff, da CDU, está no poder desde 2002.
Mesmo que a AfD terminasse como vencedora do pleito, era altamente improvável que a sigla de ultradireita viesse a governar o estado, já que todos os outros partidos haviam avisado que não aceitariam formar coalizões com a legenda, conhecida por sua posições radicais contra a imigração e que recentemente adotou um programa negacionista da pandemia.
Outros resultados na Saxônia-Anhalt
O partido A Esquerda, sucessor em parte do antigo Partido Socialista Unificado (SED), que governava a antiga Alemanha Oriental, também perdeu espaço no pleito deste domingo, ficando com 10,9% dos votos – cinco pontos percentuais a menos do que em 2016.
O Partido Social Democrata (SPD) deve receber 8,3% (-2,3 do que em 2016). Os verdes aparecem em seguida, com 6,5% (um ganho modesto de 1,3). Já o Partido Liberal Democrata (FDP, na sigla em alemão), obteve 6,4% (+ 1,5).
“Esta é uma vitória notável para o partido CDU de Angela Merkel, que ganhou impressionantes 6%”, avalia a editora de política da DW, Michaela Küfner, advertindo apenas que os resultados finais podem ser diferentes. “Isso também significa que a ascensão da AfD foi barrada”, acrescentou ela.
O secretário-geral da CDU, Paul Ziemiak, também avaliou que o pleito teve um “resultado sensacionalmente bom” para seu partido. Já o presidente da AfD na Saxônia-Anhalt, Martin Reichardt, disse: “Acho que podemos estar muito satisfeitos com o resultado da eleição”, após o seu partido manter boa parte dos ganhos em relação ao pleito de 2016.
A CDU atualmente governa a Saxônia-Anhalt em uma coalizão com o SPD e os verdes. Após o anúncio das projeções, as lideranças do SPD e dos verdes afirmaram que já estão disposta a discutir com a CDU a continuidade da coalizão.
jps (ots, dw)