Por Elaine Tavares.
Nessa terça-feira, dia 17 de novembro, o Conselho Universitário finalmente vai discutir os destinos do HU. Depois de um plebiscito realizado na instituição, e que deu vitória para a não adesão ao sistema da Fundação Privada, é hora de o conselho superior da UFSC homologar esse resultado. Esse, é claro, seria o melhor dos mundos, mas ninguém sabe se será assim. Comunidade se mobiliza, a partir das 13h e 30min, na reitoria.
A velha chantagem de que “se não privatizar o HU vai fechar”, já há tempos circula pelo campus, sendo pregada pelo diretor geral do hospital, bem como pelos médicos e diretores de unidade. Segundo eles, por determinação do Ministério Público, os 134 trabalhadores que ainda estão contratados pela Fapeu, já receberam o aviso prévio e devem ser demitidos no mês de dezembro. Com isso haverá um déficit significativo no quadro de trabalhadores, o que implicará no fechamento de alguns serviços.
Em correspondência aos membros do Conselho, o professor Carlos Pinheiro, da Pediatria do HU, insiste que com a falta desses trabalhadores as escalas de serviço de setores como a emergência, centro obstétrico, UTIs e neonatal estarão prejudicadas e isso pode provocar um “verão caótico” para a sociedade.
Esse é um tipo de argumento que tem se configurado como uma espécie de terrorismo, já que a sociedade catarinense sabe muito bem que no caso na saúde pública, o HU representa um porto seguro para os doentes de todo o estado. É ali que vão parar as ambulâncias de quase todas as cidades de Santa Catarina, bem como é ali que os florianopolitanos encontram abrigo na dor, com mais de 25 mil atendimento ao mês.
Quem trabalha na UFSC sabe muito bem que as medidas para “salvar o HU” não foram tomadas justamente para que, agora, seja jogada na conta dos que lutam contra a privatização, a responsabilidade sobre a abertura ou o fechamento dessas alas. Ora, isso é uma manipulação violenta dos fatos.
Durante anos o Fórum Estadual que articula entidades e lutadores sociais na defesa do HU 100% público vem apontando a necessidade de a administração central estabelecer parceria com os municípios e o com o governo estadual para garantir a contratação de novos trabalhadores via concurso público. Uma luta coletiva envolvendo todas as forças políticas do estado, juntamente com as forças populares, certamente já teria garantido a contratação, uma vez que a adesão à EBSERH não é uma obrigatoriedade. Isso significa que o governo é quem tem a obrigação de oferecer as condições para o bom funcionamento do hospital que é um hospital-escola. Mas, sem pressão da sociedade o governo fica bem quietinho, esperando o caos.
A luta contra a privatização foi tão intensa e apontou tantos caminhos que a própria administração Roselane/Lúcia decidiu pelo plebiscito. A votação foi feita e mais de 70% da comunidade disse não. Apesar da sempre manipuladora campanha da mídia comercial, que insiste em reproduzir os argumentos de que ou privatiza ou o HU fecha, aqueles que trabalham e vivem na universidade sabem que a privatização em vez de melhorar, só piora. Não são poucos os relatos dos hospitais já privatizados sobre o desastre que tudo está sendo.
Não queremos isso para o HU.
Agora, passadas as eleições para a nova administração da UFSC, o tema finalmente volta ao CUn. Justamente num momento em que ainda estão muito a flor da pele as mágoas, ódios e dores do processo eleitoral. Não é sem razão.
A decisão do CUn, em tese, não poderia ser outra que não a de respaldo ao plebiscito que disse não, com 70% dos votos. Mas, as forças conservadoras da universidade estão em polvorosa e já ninguém mais sabe o que pode acontecer.
Para a sociedade, que é sistematicamente inoculada com a informação ideologizada de que, se não privatizar, o HU fecha, fica a outra informação: o HU pode continuar e ficar ainda melhor se a administração atual, juntamente com o novo reitor eleito, se unirem e buscarem o apoio dos municípios e do estado. Juntos, eles podem pressionar o governo e garantir os trabalhadores e os recursos.
Se o HU privatizar, aí sim é que as portas se fecham para os mais pobres. Ouçam os velhos “arautos da desgraça”. Aqueles que gritam do alto da montanha, avisando do perigo. Eles sabem o que dizem. Nada de bom pode vir se a saúde for entregue aos empresários da doença. A saída é política, é de união das forças.
Fonte: Eteia.