Força militar da ONU comandada pelo Brasil deixará Haiti em outubro
A Minustah, força militar da Organização das Nações Unidas que ocupa o Haiti há 13 anos, encerrará suas operações em outubro de 2017, seguindo uma recomendação da Secretaria Geral da organização. A decisão foi referendada pelos quinze países membros do Conselho de Segurança da ONU.
A unidade, chefiada pelo Brasil, será substituída por uma força sem aparato militar, que contará com 295 policiais. Os 2.370 capacetes azuis, como são chamados os militares, chegaram ao país em 2004 para apoiar a força policial, acuada após a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide.
Segundo a chefe da Minustah, Sandra Honoré, desde as eleições presidenciais e legislativas do ano passado, “as perspectivas políticas do Haiti para 2017 e os próximos anos melhoraram significativamente”.
O texto divulgado pela organização aponta, no entanto, que é importante o apoio internacional ao Haiti para promover o desenvolvimento e enfrentar os “desafios humanitários significativos” após o furacão Matthew, ocorrido em outubro de 2016. Outro ponto seria fortalecer, profissionalizar e reformar a força haitiana.
Em entrevista ao site Resumen Latinoamericano, Oxygen David, representante da coalizão de organizações sociais e populares do país, critica a decisão e pontua que a nova missão “não vai melhorar nada, pedimos à ONU que deixe nosso país.
David aponta que “as organizações vão continuar a luta, em todas as frentes, contra a missão de ocupação que trouxe cólera para o país”.
Acusações
A responsabilização pelo surto de cólera, que deixou mais de 9.500 haitianos mortos desde 2010, é apenas uma das tantas acusações que recaem sobre os militares da ONU no país.
Outro grave escândalo que envolve a Minustah é o registro de duas mil denúncias de abuso e exploração sexual perpetradas por militares. Destes casos, cerca de 300 pessoas eram menores de idade.
Fonte: Brasil de Fato