O Conselho de Ética da Câmara pode votar, na tarde desta terça-feira (14), o relatório do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) pela cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por quebra de decoro parlamentar. Para o presidente do colegiado, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), já não há mais o que adiar: “Eu acho que terça-feira nós acabamos esse processo que já dura sete meses; acho que não tem mais por que adiar esse processo”.
A demora na votação do processo é resultado das muitas manobras realizadas pela tropa de choque de Eduardo Cunha. A manobra mais recente foi o envio para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa, presidida por um aliado de Cunha, o deputado Osmar Serraglio (PMDB –PR), de um pedido do deputado Arthur Lira (PP-AL) para mudar as regras de cassação de mandato.
A ideia é que o plenário da Câmara, que é quem decide em votação aberta o relatório do Conselho de Ética, tenha autorização para fazer emendas ao texto, permitindo, por exemplo, uma pena mais branda para Cunha, como a suspensão de seu mandato por três meses.
No Conselho de Ética, Cunha tem vantagem de 10 votos a 9. A deputada Tia Eron (PRB-BA), que poderá definir se o relatório será aprovado ou não, está sendo pressionada pelo Planalto e pelo partido dela a votar a favor de Cunha. Mas se ela empatar o placar, o voto de minerva será do presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), desafeto declarado do peemedebista.
Ausência
Na última terça-feira (7), a deputada foi a única dos titulares do colegiado a não comparecer à reunião. Caso Tia Eron não compareça hoje, o direito ao voto passa para o primeiro suplente do bloco parlamentar da deputada que marcar presença. Entre os suplentes, há deputados a favor e contra a cassação de Cunha, o que pode gerar uma corrida para ver quem será o primeiro a chegar.
O deputado Leo de Brito (PT-AC) acusa o governo de pressionar a deputada para inocentar Eduardo Cunha.“Temos inclusive uma pressão que vem do Planalto em torno do voto da deputada Tia Eron, que pode salvar Eduardo Cunha, e também essa manobra que está sendo feita na CCJ para que, no Plenário, ele tenha ou uma pena branda ou seja literalmente absolvido”, disse.
Em nota, a deputada Tia Eron não revelou seu voto; apenas enfatizou que não iria deixar de cumprir com seu dever.
Se a cassação passar pelo Conselho, o deputado pode ser cassado no plenário da Casa por 257 votos dos 513 deputados.
De Brasília, com agências.
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Fonte: Vermelho.