Artista marginal faz uma ação de ocupação “rebelde” das redes sociais
Por Lívio do Sertão
Nosso contato no FluxoMarginal começa explicando que por trás de sua identidade não existe a figura de uma pessoa como responsável, “pois não é um sentimento de uma única pessoa. É um sentimento coletivo que se expressa através dessas imagens e discussões”, explica.
O artista atua por dentro dos algoritmos de uma das grandes empresas capitalistas da atualidade para questionar e subverter a lógica proposta pela mesma. Em sua página no Instagram não serão encontradas imagens fofinhas ou bonitinhas, mas uma tempestade de pinturas e colagens digitais com críticas sociais ácidas e com um humor impiedoso.
“Nos dias de hoje precisamos falar coisas óbvias como: estamos vivendo uma ditadura, estamos envolvidos em várias guerras e que diante de tudo isso é muito pouco somente resistir. É preciso ter ousadia, ter coragem, ter a sagacidade de quem vai tomar o céu de assalto, é preciso se constituir num homem novo e numa mulher nova, é preciso ter generosidade de lutar pelos que virão.”
O FluxoMarginal evoca os lutadores da Ação Libertadora Nacional (ALN), Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz e Carlos Marighella, que atuaram na luta armada contra a ditadura civil-militar que assolou o Brasil de 1964 até 1985, para nos convocar a ação. Nos propõe romper com o comodismo e o medo que nos tomaram de assalto e nos paralisaram. Além destes, são ainda referência do artista o cangaço, os Racionais Mc’s e as lutas dos povos latino-americanos.
Ele nos explica que sua principal ação é “o trabalho de base, seja na internet através das imagens e textos publicados que acabam gerando trocas superinteressantes com a galera que acompanha, ou na rua ouvindo as pessoas, vendo quais são seus anseios, discutindo as coisas que achamos ser mais importantes” e segue dizendo que o “FluxoMarginal é também um chamado pro trabalho de base, para que possamos alcançar a libertação do nosso país”.
Em diálogo com o que o coletivo Aparecidos Políticos nos apresentam em sua proposta estético-política e em seu célebre livro ‘Minimanual de Arte Guerrilha Urbana’, criado em referência ao ‘Minimanual do guerrilheiro urbano’ de Marighella podemos chegar à conclusão que FluxoMarginal é na verdade o codinome de um guerrilheiro da arte urbana, assim como foi o Cildo Meireles durante a ditadura com suas inserções em circuitos ideológicos, o rap nos anos 1990 e 2000 e como são tantos artistas marginais nos dias atuais, que fazem de sua arte ferramenta na construção de um Brasil novo.
Ele nos conta ainda que o FluxoMarginal existe como uma necessidade “de expurgar sentimentos, de falar sobre coisas que uma parcela da sociedade tenta esconder” e segue afirmando que existe pela “teimosia de não aceitar as coisas como dadas, de trazer uma outra narrativa sobre a história, sobre uma história que não é de um só [povo], é a realidade da grande parte dos povos latino-americanos.”
Para conhecer o trabalho do guerrilheiro de arte urbana das ruas e das redes basta acessar sua página @fluxomarginal no Instagram e para conhecer o ‘Minimanual de Arte Guerrilha Urbana’ do coletivo Aparecidos Políticos basta entrar em seu site clicando aqui.