Com o corpo embalsamado na Praça Vermelha e o cérebro em instituto de pesquisa, líder soviético permanece latente
Por Patrícia Dichtchekenian.
Revolucionário, à frente do Partido Comunista e primeiro presidente da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), Vladimir Ilyitch Uliánov (1870-1924), mais conhecido como Lênin, morreu há exatamente 90 anos. Símbolo de inspiração para uns e de subversão para outros, o controverso líder literalmente não foi enterrado e ainda permanece no imaginário político nos dias de hoje. Conheça sete curiosidades marcantes da sua trajetória:
1) Uma múmia na Praça Vermelha. Após sua morte, em 21 de janeiro de 1924, o corpo de Lênin foi embalsamado e pode ser visto em um mausoléu, uma das principais atrações que disputam atenção na Praça Vermelha, em Moscou. Atrás dos muros do Kremlin, à esquerda do Museu Histórico do Estado e à direita da Catedral de São Basílico, jaz o corpo do líder político, cujo estranho aspecto de boneco de cera provoca curiosidade de turistas do mundo todo, tendo longas filas de espera, sem possibilidade de tirar foto, ao redor da praça mais conhecida da capital russa. O culto da imagem de Lênin também atrai saudosistas do governo soviético; ao redor do mausoléu, diversas figuras de alto escalão do período foram enterradas.
2) Cidade como tributo. Cinco dias depois da morte de Lênin, a cidade de Petrogrado mudou de nome para Leningrado. A homenagem durou até o desmantelamento da URSS, em 1991. Então, o município voltou a ter o nome de fundação: São Petersburgo.
3) Made in Siberia. No final dos anos 1890, o líder soviético ficou exilado durante três anos na Sibéria. No período de clandestinidade, Vladimir Uliánov assumiu diversos codinomes e pseudônimos até firmar-se como “Lênin”. Diz-se que a inspiração veio do rio Lena, um dos três maiores afluentes que sai da Sibéria e corta grande porção do território russo, sendo o décimo mais largo do mundo.
4) Posicionamento político. Em 1887, seu irmão mais velho, Aleksandr, tentou organizar um atentado junto a um grupo de estudantes contra o czar Alexandre III. No entanto, o governo czarista descobriu o plano e Aleksandr foi condenado à morte, aos 23 anos. Acredita-se que a morte do irmão tornou o posicionamento político do jovem Vladimir mais radical.
5) Polêmica cerebral. Pouco antes de embalsamar o corpo de Lênin, cientistas retiraram o cérebro para uma série de análises. A proposta do estudo era tentar compreender o funcionamento neurológico, tido como genial e de capacidade sobre-humana por oficiais do governo. Para soviéticos, foram detectadas células nervosas maiores e melhor conectadas; para cientistas estrangeiros, a anatomia cerebral de Lênin não tinha nada de anômala. De todo modo, o cérebro do líder foi alvo de polêmicas e contestações até hoje. Ao contrário do corpo, ele permanece em um instituto de pesquisa em Moscou.
6) Meu nome não é Lênin. No ano passado, o Ministério da Justiça da Espanha proibiu o nome “Lenin” no país e recusa atribuir o nome de um cidadão ao do líder político. Para o órgão, Lenin é um pseudônimo, o que poderia originar futuramente uma confusão entre nome e apelido. Na ocasião, o Ministro da Justiça da Espanha, Alberto Ruiz Gallardón, disse que a proibição de registro de nomes de cidadãos, “contrário às normas estabelecidas”, aplica-se aos recém-nascidos espanhóis e a pessoas estrangeiras que buscam cidadania no país.
7) Ironias literárias. Conhecido por criticar o método de governo socialista soviético em obras como “A Revolução dos Bichos” e “1984”, o escritor inglês George Orwell morreu na mesma data que Lênin: em 21 de janeiro, mas de 1950.
Fonte: Ópera Mundi.